POR UM FIO (COM CALLIOPE)

CALLY, teu texto me tocou, não resisti, como nunca resisto ao belo e deu nisto, perdoe-me se tomo esta liberdade, mas interagi...

Por ora cismo no fio

Cismo no quão é fino

Se a mim suporta

Se existe alguma porta...

Se dum estacão me desfio

Se dum estacão desatino

Se desafino...

Se bato no fundo...

Se suporto o mundo...

Cismo...

O tempo passa ligeiro

Sinto o cheiro

Como fora uma praga

Impregnada

Um nada ...

Cismo se ainda serei

Se sobreviverei

Cismo...

É chegado o momento

De não fazer movimento

De ficar parada

Como esperasse a madrugada

Como olhasse pro fio

Como um último desafio...

CALLIOPE

Este desafio estreito e longo é um fio

Nele seguem paralelas todas as cismas

Como se fossem do mundo o pavio

Pronto a explodir para além das rimas.

Poderia o fio suportar o que não suportas?

Suportará o mundo e os teus desatinos

Impregnados de nada, cheiro de coisas mortas

Parada, entregando ao fio o próprio destino?

O limite pessoal entre a queda e o fio do desatino

Praga, pena de si, ou medo de encarar o mundo

De viver e achar a ultima gota de azeite, a porta

Sacuda-se, faz da tua madrugada um sol a pino

Ata-te ao fio para ficares em pé, sem bater no fundo

Cisma em viver, passe por cima do fio, e verás que suporta.

ARTHUR GHUMA