A ti Marta

O planeta virou-se do avesso

Desdobrou-me em duas

E uma delas mal conhecia! É a dor da tua ausência

O não aceitar a viragem abrupta que nos vira a alma ao contrário e nos deixa sem voz.

Não estou serena ainda quando penso em ti

Corrói e queima o corpo e a alma como uma ferida violentamente aberta e que sangra sempre, não passa um dia em que não chore a minha vida sem ti,

Em que esta ferida cicatrize ou simplesmente não me lembre de algo contigo ou em ti.

Caminho neste momento mais depressa, porque vida corre e rouba-nos pessoas e marcas todos os dias, e de hoje para amanhã posso cair e não me levantar, posso partir sem o adeus ou simplesmente sem o suspiro de ter feito e construído todos os meus sonhos.

Tu amavas cá andar

Amavas a vida como poucos

Com todo o tempo do mundo e com o maior sorriso de todos

E algo te levou

Te arrancou á força de nós todos de um segundo para o outro...

Deu-nos tempo de te dizer adeus

Mas a ti roubou-te todo o tempo que ainda tinhas e o som da tua voz

Que hoje faz eco em todos os lugares que entro e em que tu já não estás.

Penso em ti todos os dias

E se antes tinha medo da morte hoje não tenho nenhum

Porque se estás num sítio que todos desconhecemos não tenho receio algum de ir para

O mesmo lugar que tu.

Não há um dia que não fale de ti

Que não pense em ti

Que não sinta o vácuo no meu coração pelo teu silêncio e pela tua ausência

Não há um dia sequer que não meta desinfectante nesta ferida

Que insiste em abrir e remexer todos os momentos.

Não existe um dia que não sinta falta da tua voz aqui e além

E quando ouço chamar por mim

Com nome da velha infância

Olho para trás em busca de ti

Ouço a tua voz mesmo quando a mesma se calou para sempre.

Adeus Marta, até já!

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 15/12/2010
Código do texto: T2672876
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