À PRIMEIRA PRESIDENTA DA HISTÓRIA DO BRASIL

Quando os Estados Unidos elegeram o primeiro presidente negro de sua história, creio que até mesmo as pessoas mais céticas tiveram, ainda que só bem lá no mais oculto do seu âmago, e inconfessada até para si mesmas, pitada de esperança de alguma mudança de rumo.

Hoje se dá, no Brasil, posse à primeira presidente mulher da nossa história. Caríssima: todos, creio que até o mais cético de nós espera, ainda que no mais oculto de seu ser que, ao lado da continuidade do cumprimento da meta que visa aprimorar os mecanismos através dos quais se venha ainda a atingir, efetivamente, igualdade social para todos, seu governo coloque também, como uma de suas principais metas (ainda que não oficialmente enunciada) o saneamento das instituições tão duramente atingidas e maculadas pelas vilanias, pelas corrupções, pela impunidade, cancros em nossa História, cancros em nossas vidas.

Sabemos todos que é tarefa gigantesca tentar extirpar as práticas espúrias que, marcando desde sempre a trajetória do país, acabaram por tornar-se a nossa contra face vergonhosa, terrível de se encarar no espelho. Sabemos também que o presidente capaz de lutar com tais forças e vencê-las terá garantido para si um galardão ímpar, o de assegurar para o Brasil, mais do que o título de País do Futuro, o de um País do Presente,o de um País com direito adquirido e legítimo para se orgulhar de si mesmo. Quem sabe, caríssima, caiba a Vossa Excelência tal mérito excepcional. Quem sabe, possa cabê-lo, tal mérito, a Vossa Excelência, a primeira mulher presidente do Brasil.

P.S. Acabamos todos de ouvir o seu discurso oficial de posse, como primeira mandatária do Brasil. Que Vossa Excelência permaneça fiel a cada uma das palavras pronunciadas, a cada um dos compromissos assumidos publicamente, é o que todos esperamos. Que nos aguarde e nos guarde, sob o seu governo, um País melhor. Que nos guarde e nos aguarde, efetivamente, um País melhor, Amém.

Zuleika dos Reis, a mais anônima e comum das cidadãs brasileiras.