Primeiro dia do ano me encontra triste a lamentar minha solidão. Lágrimas rolaram e rolaram. Procurava em tudo e em todos a tão sonhada companhia para espantar essa saudade de sei lá o que. Essa ausência que é quase presença de tão forte. Indagações, questionamentos me assaltam. O desejo de me bastar me consome.
       E como uma resposta recebo tua carta. Não, não é uma missiva qualquer...É uma carta de amor. Coisa rara hoje em dia. E ainda tens a ousadia de me pedir desculpas por tamanha exposição de alma. Tua alma desnuda de maneira corajosa, audaciosa. De maneira poética me jogas na cara teus sentimentos...E ainda me dizes que nada queres em troca, apenas que eu saiba que sou depositária de tamanha paixão. Um amor que não pede retorno, um amor gratuíto, imenso. Um amor que encontrou nas palavras uma maneira de atingir seu alvo. São palavras fortes, líricas. Leio, releio e vejo que novamente lágrimas me saltam dos olhos. Emoção de me sentir dona de tamanho sentimento. Não te direi que correspondo no mesmo nível a esse amor, mas que foi meu maior presente de natal, isso foi. Respeito e admiro teu amor, e acredites me sentí honrada. Guadarei não só a carta, mas esse amor que me fez tão feliz. Só tenho a te agradecer, embora não me sinta merecedora de tamanha declaração.
  Se te respondí aqui é que sei que certamente lerás essa minha resposta ainda hoje. Te desejo muita luz, muita paz, muitos versos para continuar a me encantar como tua leitora.
  Um beijo carinhoso, Marly