Para meu pai...
Pai...(será que ainda posso te chamar assim...)
Com lágrimas nos olhos,
escrevo essa carta
para despedir-me de você...
Vou embora, vou pra longe
onde não lembre da saudade grande que tenho de você
Não é uma saudade de quem há tempos não se vê
mas a saudade de quem a tempos,
deixou de ser...quem eu conhecia...
Onde está o Pai que um dia tive
Aquele homem que era meu cúmplice,
meu herói...
meu ícone...
meu amigo...
Em que ano da minha vida te perdi
Em que esquina sombria te deixei
Será que os anos fizeram-te esquecer do amor que sinto por você.
Não lembras Pai, das nossas tardes de domingo
Nos dias que ainda era sua menina
Lembra quando trabalhava e eu mal te via,
e o quanto chorava para te acompanhar nas tuas saídas
As longas viagens que fazíamos, só eu e você,
em que não desgrudava do teu lado,
pois de ti morria de ciúmes...
mas na verdade apenas não queria te perder
E das noites que no teu colo, você esperava que depois de contar todo o meu dia...eu adormecesse....Lembra Pai...
Estou indo...
Pois a saudade no peito dói tanto que não consigo mais escrever...
Minha voz embargada...meus olhos cheios de lágrimas
Não consigo mais me conter...
Então nesta linha páro,
pois a vontade de ficar...
já começa aparecer
Vou embora...vou pra longe
Sei que a saudade será constante
Mas o que posso fazer
Se ontem eu era sua pequena
Hoje só significo mais um cifrão em seu cartão
Quero que fique com seu dinheiro
Pois sei que um dia verás...
que seu orgulho não vale um tostão.
Serei sempre sua filha,
mas quero de volta o Pai que um dia por aí se perdeu...
mas se não mais o encontrares...
quero que saibas...
Não me procures...finjas que sua menina morreu.