A MUSA DO RECANTO

ENSAIO SOBRE A DOR

Maior musa do Recanto passeias como beijo

Nos lábios febris dos poetas em espanto

Espasmos contorcidos em “ais” de lampejos

Abrem-se flor exalando versos de encantos.

“Bem Aventurados os que sentem” digo do alto do monte junto à sarça ou do mandacaru. Estamos sujeitos ao erro, e isto é uma condição humana, viver é movimento, é ir de encontro às situações engendradas nas decisões que tomamos no pretérito, as escolhas que fizemos.

Por outro lado, como tudo no universo tem uma direção, tudo caminha para frente, sem importar com bússola ou ampulheta.

A dor, esta sirene espetacular que possuímos tanto no corpo como na alma, alerta-nos sempre que saímos do trilho, como a puxar nossas orelhas para que voltemos ao caminho. A dor no corpo alerta-nos sobre nossa saúde, é o aguilhão da sobrevivência e exerce o seu papel para a continuidade da vida.

A dor da alma, ah! Esta também é um despertador para a mente, para o crescimento interior. Aponta exatamente onde é preciso iluminar, sublimar, transcender. Onde está a dor está o exercício necessário para o seu superamento

Entretanto, é bom lembrar que esta dor, a da alma, está diretamente ligada a nossa trajetória no universo, a nossa relação com este e com o nosso livre arbítrio. Está diretamente vinculada aos nossos erros. Isto, contudo, não exige de nós que não erremos, porque viver, conviver, e estar no mundo nada mais é do que o “jogo das tentativas” uma vez que ninguém pode prever o amanhã, e muito menos a infindável gama de possibilidades do ser humano. Estamos sempre perplexos com o outro, e nisto está a beleza da relação entre os indivíduos.

Tentar sempre, fazer, errar sempre por tentar, e não atentar ao medo de errar. Que erremos sempre, mas, um erro de cada vez, nunca repeti-lo, e aí a Dor na Alma é o alerta que nos indica não o erro, mas, sua correção. Indica sempre um caminho, uma diretriz.

Ainda que sendo a grande inspiradora de muitos versos, cantá-la não significa como muitos o fazem, realimentá-la como um vício, ou como o alimento para suas trevas particulares. É possível falar da dor sem torná-la imprescindível, falar de fora da roda, como se tivesse cortado o cordão umbilical que nos liga a ela. Quebrar a ponte que nos liga ao sofrer, tomar consciência e mudar.

Assim, digo: Bem Aventurados os que sentem dor, mas que podem suplantá-la e iluminá-la com a Luz da vitória.

Enfim, navegar por cima do dilúvio e reiniciar o mundo.