Sugestões a um amigo recém-casado

Meu caro,

Agora que você está endividado para pagar a nossa comilança e a nossa bebedeira no casório; agora que voltou aos 15 anos e tem horário pra voltar pra casa; agora que a “pelada com os amigos” deve ser chamada impreterivelmente de “futebol” e você joga no time dos casados; agora que a mão esquerda ganhou um apetrecho inseparável; agora que você está comprometido diante da justiça dos homens e quiçá da divina, sob todas as condições, inclusive doença, pobreza e derrotas humilhantes do seu time... Agora... em compaixão, lhe escrevo esta carta com alguns bons conselhos.

Lembre-se: o casal está se adaptando à nova vida. Tudo é diferente. E dividir cama, casa, mesa, louça e controle remoto é uma arte! Dominada por poucos, eu diria. Se você era do grupo que achava que mandava em alguma coisa, aprenda logo que não. Mas viver na ilusão também é uma opção válida e potencialmente útil para a auto-estima...

Ainda precisam aprender o que cada um detesta na rotina... Acredite! Mesmo depois dos seus 17 anos de namoro, 11 de noivado e 3 meses de lua de mel, ainda vai aprender coisas novas a partir de agora!

Sugestão: ao menos uma faxineira semanal é um grande investimento na relação! Roupa pra lavar e pia cheia podem ser alguns dos maiores inimigos da boa relação! Ou como você acha que surgiu a expressão “lavar roupa em público”??? Veja que não mencionei fraldas sujas na calada da noite! Esse é um nível mais avançado.

Depois de sofrer anualmente nos aniversários com piadinhas de “com quem será?”, você passou a ouvir “quando será?” Isso deve ter sido lá pelo terceiro ano de noivado. Sua sogra já duvidou da sua opção sexual e você já foi personagem de piada do seu sogro com os amigos. Com os seus e os deles. Sua esposa, ao sofrer pressão das amigas, passou a declarar que seria a “última a casar, mas a primeira a ter filhos!” Não foi... A sua planilha não deixou....

Sabe como é... “amor, tem o IPTU, o IPVA, conta de luz, tem prestação da casa.” Sim, você juntou dinheiro pra dar entrada num apartamento. Tudo bem que é pequeno e longe, mas valeu a pena economizar aquele refrigerante no fim se semana durante anos e anos. Afinal, seu lema era “quem disse que pizza a seco é ruim?”

E você decidiu não viajar na lua de mel, em protesto pelo sofá mais caro que ela escolheu. Mesmo depois do justo argumento de que você vai usar mais! Afinal, passar a lua de mel na casa dos pais dela em Cabo Frio (como em todas as férias nos últimos 35 anos!), com eles lá (!) não é tão ruim assim...

Agora você vai ouvir novas indagações, como “e os filhos?” ou “quando vem o Joãozinho?” Mas fique sabendo: nascido o primeiro, a pergunta apenas muda para “e o irmãozinho?” ou “não quer uma filhinha também?”

Evite diálogos como:

- Se você não usasse o secador nem essa chapinha a conta de luz seria menor!

- É, mas uso pouco, já futebol tem todos os dias... Vários campeonatos e times! Ah, e se todos fossem espanhóis ou italianos... Mas tem do Brasil todo! Do Gaúcho ao Pernambucano! E você só reclama! Se o seu time é tão ruim, porque não muda?

- Ah?! Mudar de time??! Tá maluc... (NUNCA TERMINE ESSA PALAVRA! Sob pena de ficar no sofá – sim, aquele mais caro que você não queria! - durante 1 mês!)

Mas você ainda acha que é o macho que manda, e sem medo do perigo, prossegue: “homem muda de casa, de país, de mulher (!), muda até de sexo (!) mas não muda de time! E você, não mude de assunto! Temos que economizar! Cortar gastos com alguma coisa!

Esse amigável diálogo pode acabar em agressão física e ainda não existe delegacia exclusiva para atendimento de homens agredidos por esposas enfurecidas.

Seja generoso, ao menos minimamente. Não reclame se ela tomar um mate na praia. Não sugira que “nossa casa é logo ali, em menos de duas horas você pode beber água o quanto quiser, e de graça!” Lembre-se: mulheres nervosas são capazes de atentados violentos.

Tenha alguns fatos marcantes (de preferência, envolvendo as maiores somas de dinheiro possível) para usar oportunamente. Lua de mel na Europa é um ativo que pode e deve ser lembrado por toda a vida! Se você escolheu mesmo ficar na casa do sogro, não tem jeito. Mas vale até falar da roupa cara que ela comprou com o salário dela, mesmo que o seu seja muito menor! Afinal, com a comunhão de bens e de contas, se ela gasta mais, sobra menos pra você. Mas não aceite o “e vice-versa” nesse caso!

Excluí de forma proposital qualquer comentário relacionado ao problema mensal de oscilação hormonal pertinente ao sexo feminino. Há vasta bibliografia especializada, que nenhum homem jamais leu, e se o fizesse, nada entenderia. Essa é causa perdida. Concentre-se em batalhas que pode vencer. Ou perder sem ser massacrado.

Por fim, vale a clássica pergunta: “foi bom pra você?”

SIM!

ARunning
Enviado por ARunning em 10/05/2011
Reeditado em 10/05/2011
Código do texto: T2960741
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