ADEUS, MEU AMOR, ADEUS   - Portelapoeta/ Márcia Portela

Foi triste! Foi muito triste quando te procurei dentro de mim e não mais te encontrei. Chorei quando olhei para o interior do meu coração, antes repleto de ti, e o descobri vazio. Não sei por onde sangrou todo aquele amor que outrora inundava meu peito. Não sei,...só sei que ele se foi...nem nos meus sonhos o encontro mais.
Há tempos eu o procurava, imaginava-o escondido, ocultado por uma ferida, ou recoberto pelas muitas mágoas que ali, a partir de um determinado momento, afloraram feito estrelas afloram no crepúsculo vespertino. Procurei o meu amor em todos os lugares, até nos mais recônditos. Remexi velhos sentimentos, mas nada! Nada. Não mais o encontrei.
Procuro explicação para tudo isso. Não encontro. Talvez esteja em algum lugar onde os pensamentos não conseguem chegar, ou, se chegam, são aprisionados pelo carcereiro do próprio amor. Que será? Talvez, quem sabe, nem sequer tenha partido, mas apenas agonize em algum lugar do desconhecido. Será que feneceu diante da possibilidade de qualquer dia habitar em apenas um coração, ou simplesmente fugiu? Será que foi esmagado, estilhaçado pela decepção de não atingir os píncaros antevistos num amanhecer sonhador e saudoso? Ou simplesmente fugiu montado nas asas da paixão?
Chegamos num estágio onde as palavras nada mais representam; nada mais significam. Num ponto onde o silêncio diz muito mais do que todos os dizeres; do que todos os gestos, que todos os falares. O que fazer agora que o amor acabou? E agora que a pedra fundamental foi removida misteriosamente!
E a dor? Ah! A dor. Não sei se maior foi a alegria da chegada ou se a dor da partida!
Ao contrário do sol que quando se despede deixa uma linda lua para os românticos poemarem, este meu amor ao partir deixa apenas um coração combalido que aos poucos vai murchando, murchando, secando e de tristeza perecendo até a última gota de esperança. A única coisa que ainda me alenta nesta hora é a possibilidade de um possível regresso.
Apesar de tudo, vou embalsamar meu coração, aromatiza-lo, prepará-lo e deixar a porta entreaberta, pois, quem sabe um dia o meu amor resolva retornar e outra vez instalar-se no lugar de onde nunca deveria ter saído. Vou rezar para que a distância não chegue a apagar nele a imagem da minha existência. Enquanto isso, tento curar a tristeza, mergulhando na represa das lembranças de antigas alegrias que um dia inundavam nossos corações e enxugar-me no manto bordado de lágrimas pela nossa história.
Adeus, meu amor. Quem sabe, até um dia!