Meu amado:

             E você me recomenda...habitue-se com meu silêncio... com meu jeito, meio sem jeito, desligado, mas na hora certa tudo acontecerá.
            E cá fico eu temerosa de lhe incomodar com minhas inseguranças... Medo de fazer xô...xô em vez de ti...ti...ti...Coisas de mulher apaixonada e ainda mais mulher-poeta.
          Mas, os dias estão passando e lhe trazendo para mim... Mesmo que os relógios tenham me testado diariamente, mesmo que as noites tenham se alongado chegando até a quererem engolir o sol, mesmo que meu corpo esteja vibrando sozinho, mesmo assim, o dia está chegando. Talvez nada aconteça, ou tudo aconteça. Talvez me pendure no seu pescoço e ali me pregue. Talvez desande a chorar copiosamente fazendo com que você se afaste correndo para que os presentes não percebam que é por você ou por mim, que choro. Ou talvez partamos um em direção ao outro, como naqueles filmes de amor, com direito a câmara lenta. Um beijo será oportuno. Respeitoso de início, mas podendo evoluir bastante e tornar-se despudorado. Daí você sentirá meu coração batucando desordenadamente, minhas maõs geladas, suadas e direi tolices...mil tolices. Nada das palavras estudadas... só tolices.
          Caminharemos juntos e certamente não teremos hora nem destino. Estaremos livres. A liberdade do amar.Qualquer lugar servirá de abrigo para esse amor louco que guardo para você dentro de mim. Poderemos parar aqui, ali ou acolá, porque decerto não perceberei onde estarei.
          Minha praia será um leito perfeito, minha vida, com sua presença, será plena, minha solidão, terá dias contados. E, mesmo que seja por dias, viveremos como se fôssemos eternos. O amor desconhece calendários, regras e limites.
          Vem meu amor e me toma, já sou sua antes de me tocar.


          Sua poetinha de beira de estrada.
                                         Marly