Uma carta para uma jovem mãe

BsB, 29/06/11

Como vai? Sei que você não me conhece, mas quem sabe um dia poderemos ver nossos filhos brincando na mesma rua ou no mesmo parque.

Ser pai na terceira idade tem uma vantagem enorme: me tornei um observador voraz. Como uma águia que cuida da cria aprendi a ouvir com outros ouvidos, a ver com outros olhos, a sentir o que não sentia. Tudo é muito forte e gratificante: não há gemido que eu não ouça, nem risos que eu não perceba.

Todas as mães tem o poder do aleitamento, mas esta não é uma tarefa das mais fáceis, apesar de ser um ato natural das fêmeas. Para que o leite seja farto, o bastante para alimentar a cria, é bom ter em mente alguns cuidados ainda na sala de parto, antes que o neném grite de fome. O primeiro passo a ser dado é quanto ao sutiã. Ele deve ser usado logo que a mãe ouvir o primeiro choro do bebê para que possa sustentar os “novos seios”. Feito isto, o neném deve iniciar a pega. Se a mãe aperta o seio para aumentar o bico, a pega já começa errada. O processo tem que ser natural, o instinto do neném é muito forte. No máximo a mãe deve encostar o bico do mamilo na parte superior da boca do seu filho para que ele se situe e faça a pega com segurança. Se, ao amamentar, a mãe sentir dor é sinal de que a pega está incorreta. Provavelmente o neném não vai mamar o suficiente, acarretando o temível “empedramento”. Se isto acontecer o neném não vai fazer xixi. Este é o primeiro sinal de que a amamentação não está certa. O empedramento pode levar a mãe a ter mastite (inflamação da glândula mamária). Causada pela obstrução dos ductos mamários. A amamentação é a maneira mais eficaz de remover a obstrução e aliviar os sintomas (o leite não é prejudicial ao bebê). Ela se caracteriza por manchas vermelhas nas mamas. Às vezes o tratamento necessita de antibiótico. Massagens e compressas com água quente antes da amamentação, são indicadas para o favorecimento da abertura dos ductos. Se o bebê não conseguir mamar todo o leite, é importante que se retire o excedente manualmente. Nada de bombas elétricas ou manuais, elas são perversas. Na hora da amamentação, o bebê não deve ficar na horizontal, esta posição pode acarretar dor de ouvido. Tente fazer o seu bebê arrotar todas às vezes que terminar a mamada. Além de engasgar, o narizinho fica sujo: isto sem falar no susto que ele nos dá nessas horas.

Uma das mais duras cenas que podemos assistir é ver um bebê aos prantos e não saber o que fazer para ajuda-lo, uma vez que ele não fala, mas dá um sinal importante - o choro. Você precisa decifrá-lo desde os primeiros dias de vida do seu bebê. O choro de FOME é estridente, o neném não para de chorar, fica querendo “comer” tudo que lhe chega às proximidades da boca. O choro da CÓLICA é mais doído, o bebê se contorce o tempo todo, fica vermelho, faz força com as pernas e braços. Converse com ele, tente acalmá-lo. Passe para ele segurança. Já o choro com lágrima é preocupante, significa que o neném está com uma dor que requer maiores cuidados. Além dessas diferenças é preciso saber que a cólica só começa lá pelo décimo oitavo dia de vida, antes disso, o bebê não sente dor. A cólica vai até o final do terceiro mês ou um pouco mais, mas isto não é o normal. Todas às vezes que você for trocar a fralda, observe a cor das fezes, elas são amareladas ou esverdeadas. Quando estão esverdeadas significa que o bebê teve cólica no período anterior à troca da frauda. Dizem que as cólicas têm hora marcada, eu ainda não consegui identificar esses momentos. Mas já estou começando a acreditar que o pior é na parte da tarde, lá pelas 18 horas e pela manhã quando o dia começa a clarear e eu estou morto de sono.

Já escutamos de tudo para combatermos as cólicas. Apesar delas fazerem parte do processo evolutivo do neném, nós conseguimos que elas diminuíssem de intensidade. Para isto, a Gláucia teve que mudar radicalmente sua alimentação. Veja que coisa de maluco: se ela quiser comer feijão, deixamos de molho antes de cozinhá-lo para que solte os gases que afetam o neném, se quiser comer carne de frango, compramos o caipira. Pois, os de granja necessitam de 38 dias para serem abatidos enquanto o caipira precisa de seis meses para alcançar o mesmo porte. Não sabemos exatamente o que o frango de granja come, o caipira eu sei que come milho e insetos que encontra na natureza. A carne vermelha ela já esqueceu. Tirou dos seus sonhos aquele churrasco pingando de sangue. Se ela for comer verduras, deixa de lado as mais escuras (principalmente o brócolis). Ela já retirou do seu cardápio os enlatados, os doces, os derivados do leite, das farinhas e dos produtos que contém milho e pimenta. Ela toma de oito a dez copos de água todos os dias. Além de todos esses cuidados, nós damos para a nossa neném três gotas de Mylicon (ou Fagass), três vezes ao dia (orientação do pediatra: uma gota para cada quilo). Se a cólica for forte demais, é bom pegar o neném de bruços como se ele fosse um macaquinho, pois o seu próprio peso pressiona a barriga fazendo com que os gases saiam e a dor diminua.

Tudo que falam sobre a cólica pode dar bons resultados, mesmo que por curtos períodos de tempo, pois ninguém sabe precisamente como elas podem ser evitadas.

Uma das atividades mais peculiares para mim é a troca da frauda. Eu e a Gláucia criamos uma rotina que nos parece legal. Consiste em dar o primeiro peito para a neném num período de cinco a dez minutos(não mais do que isto). Com isso a neném acalma. Nesse momento iniciamos a troca da frauda. Parece que a nossa neném aprendeu fazer suas necessidades exatamente nesses intervalos. Para que a neném não engasgue com o leite que toma eu coloco minhas mãos embaixo da cabeça dela para que fique um pouco levantada e não mexa demais. Depois disto, a Gláucia oferece o outro seio. Na outra mamada ela inicia o processo pelo seio que terminou a mamada anterior. Este procedimento é necessário porque o leite materno altera durante a amamentação. As fraudas que mais nos agradam são as Panpers (observar que as embalagem vermelhas (P) são para bebês de até seis quilos e as verdes (P) são para os bebês de até oito quilos). Nossa neném está com trinta e cinco dias. Não constatamos até agora, nenhum vazamento significativo.

Nossa filha chorava muito, algumas pessoas falavam que era manha. É importante lembrar que todo bebê nasce com o sistema digestivo imaturo. Por isso alguns desenvolvem o que chamamos de refluxo. Na maioria das vezes ele é difícil de diagnóstico, por ser na maioria das vezes, invisível. Nesses casos o nenê chora muito e tem dificuldade para dormir além de querer mamar toda hora. Para resolver este problema basta que levante a cabeceira do berço a uma altura aproximada de 15 centímetros para que ele não fique apenas com a cabeça erguida. Isto acontece quando se faz uso de um travesseiro inclinado. Uma outra dica. Se você tiver uma aquelas almofadas de amamentar, basta que você a coloque dentro do berço como se fosse um travesseiro abraçando o nenê para que ele fique na posição adequada. Um lembrete: os bebes só choram quando estão com desconforto.

Quanto as vacinas a mais temida é a terceira, pois são sete os medicamentos que a neném toma. As reações são inevitáveis. O pediatra nos mandou dar cinco gotas de tilenol pediátrico assim que chegarmos em casa (se após as seis horas persistir a dor, repetir a medicação). Pediu também que marcássemos uma consulta para o dia seguinte à vacina para que ele pudesse avaliar o comportamento da neném.

Por hora é só. Lembre-se que sou um observador voraz, um pai coruja.

Um grande abraço,

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 29/06/2011
Reeditado em 01/08/2011
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