Paella com amigos

Estava numa cozinha desconhecida, com várias mulheres, a minha preferida e amada e outras amigas.

Olhares fitos na panela, os aromas começavam permeando o ambiente e a cada ingrediente novo, novo aroma.

Comecei com azeite, apenas uma seladinha.

Alguns pedaços de drumet (tulipinha da asa do frango) sugestão um por pessoa, até começar a dourar, cebolas picadas ao cubo sempre em cruz um ritual num total de quatro cabeças médias.

Ao dourar a cebola, primeira pitada de ervas finas, uma bela porção jogada esfarelando entre os dedos.

Uma pitada generosa de sal.

Um pouco de tomate em cubos, também cortados em cruz, seguindo o ritual, em números de 04 médios.

Tomate soltando um pouco de água, era hora da lingüiça de pernil, ou lombo o que achasse no mercado, coisa de uns 800 gramas.

Vai mexendo, virando as peças, uma a uma para dourar por completo.

Bela pitada de pimenta do reino, outra mexida.

E o fogo aquecendo e cozendo o prato feito por homens, para ela.

Apesar de ser eu o único, mas fazia para elas e seus respectivos.

Camarões cinza, lavados, tirando a cabeça e separando para muito lavar, cozinhar em água para posteriormente ser usada para refogar o arroz.

Alguns camarões esparramados e juntados aos ingredientes, uma dedada de louro em pó.

Nesse momento o cheiro já ia até onde os convidas, estavam num papo tranqüilo.

Era como uma ofensa ainda tinha mais de hora e meia de feitio.

Quando tudo já estava dourando, e seca a água do tomate, acrescentei cubos de três pimentões verdes, cortados em cruz, eita ritual.

Coisa de 5 minutos após tudo estar devidamente gratinados, quase grudando na panela, sempre raspando com colher de pau.

Hora da lula, previamente em rodelas, apenas fazendo algumas separações com faca afiada.

Antes que se tornassem borrachudas as lulas, hora do Arroz.

Sem lavar, faz parte do ritual.

Começando de baixo para cima em sinal de cruz, e orando para sua amada.

Depois de preenchida a cruz, colocando alguns pingos generosos de arroz, fechando as hastes da cruz, após o que fora derramado por toda volta da panela.

E ai sim derramando, cobrindo todos os ingredientes.

Acrescentando água da cabeça do camarão que já estava fervida.

Ia se colocando com uma concha delicadamente.

Nessa altura aquele alvoroço.

Ainda demora muito?

Esse cheiro tá bom de mais.

Eu havia dito que era aproximadamente 2 a 2 horas e meia.

E ali prosseguia, mexendo com a colher, abrindo corredores, para que a água pudesse percorrer por toda panela.

Do meio para fora, e de fora para o meio.

Nessa altura, já achavam que teriam que pedir umas pizzas, pois o preparo estava pra lá de demorado, pra quem nunca havia presenciado o como fazer.

Nessa altura, um pouco de orégano, ai sim que o cheiro deve ter percorrido cada pensamento dos convidas.

E assim quando o arroz, já estava quase todo cozido, abria-se verdadeira trincheiras para derramar porções generosas de ervilhas.

Finalmente ao termino de duas horas, ainda com o fogo ligado bem fraco, cobria-se todo aquele arroz, com folhas de couve, cortadas em tiras.

Nesse momento já estava sendo colocados os camarões gratinados, depois de salpicado de sal.

Um a um até fazer um bailado entre o verde da couve e o alaranjado dos camarões fritos.

Cobertos tudo com papel alumínio desliga-se o fogo, aguarda por 20 minutos, nos últimos cinco, leva-se até os convida, iguaria tão aguardada.

Após agradecimento aos convidas, uma prece feito com muita fé por todos, degustamos o prato feito apenas por um, usando de sua magia que envolve esse prato desde que fora criado lá pelo século XVI.

Onde camponeses, seguiam apenas com arroz, azeite, acrescentavam caças como patos, coelhos e muita alegria.

E quando retornavam aos lares, refaziam com muito amor e dedicação as suas amadas.

A minha estava presente.

Roberto F Storti
Enviado por Roberto F Storti em 17/07/2011
Reeditado em 18/07/2011
Código do texto: T3100952
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