Congratulando a minha dor

Mais de um ano se passou desde a última vez em que eu pude sorrir.

Os demônios me penitenciaram durante todo o meu dia nesta data melancólica, trazendo de volta as lembranças que como flechas penetram em meu coração.

Tentei chorar.

Mas não consegui.

As feridas não mais sangram, somente pesam, como um tumor dentro de mim.

Sua imagem vem como um fantasma.

Tão nítida e assustadora, como uma catástrofe urbana.

Tão angelical e tentadora como um súcubo.

Então minha mente reprisa a imagem da despedida.

O seu sorriso doce aos poucos transmutando em um olhar vago,

Como um presságio do que aconteceria;

O tempo passaria...

Rapidamente você me esqueceria...

E eu seria torturado neste meu dia.

Percebo agora em cada corpo e em cada beijo,

Que nada mais satisfará o meu desejo.

Remoendo-me em um crônico desespero,

Enclausurado por uma esperança esquecida,

A me zombar em cada minuto deste dia,

Me dizendo que amor igual ao teu só acontece uma vez na vida.