Seremos mais felizes

Queria acostumar-me ao seu ciúme.

A confiança, querida, não está separada do amor e, em última análise, é das provas de amor, a primeira.

A primeira prova do amor é crer no ser amado. Se não acredito como posso partilhar amor, ter um diálogo de comunhão? Amar é acreditar na presença atuante do ser amado. Amar é acreditar que o ser amado preenche todos os espaços e que nenhum solavanco me arremessará para longe dos seus braços. Amar é ver alguma coisa que está além do corpo.

O ato de amor confiante, bem o sei, é terrível e unicamente pessoal e seu risco compromete até à medula. Sim, amar é um ato pessoal, um ato pelo qual, no qual se pede o máximo.

“Põe-me como um selo sobre o coração, qual selo sobre o seu braço, porque o amor é forte como a morte... e as águas caudalosas não conseguem extingui-lo” (Cant 8, 6-7).

Para fazer amor, é necessário estar em dois e bem próximos.

Quando não se sente mais o ser amado próximo de si e não se sabe mais dialogar, acariciar, pedir, gritar sussurrando, se está destinado à tristeza, que é o primeiro sinal da derrocada. Fica-se incapaz de entrar e descansar nas vísceras da amada.

A pessoa não se realiza sozinha: nunca.

No amor, querida, não pode haver palavras mais fortes e, ao mesmo tempo mais doces: “sempre faço o que é do seu agrado”. E é a única coisa que nunca me enjoa e não dá pena. Não tenho mais outro cuidado, que só amar você, este é o meu ofício.

Estou aqui e te amo.

Te amo com gratuidade.

Te amo porque é amor, não porque é poder.

Te amo porque é luz, não porque isso agrada você.

Te amo porque é vida, não porque é segurança ou paraíso de bem-estar.

Te amo para além de tudo...

Te amo para além de você.

Te amo para além dos meus limites.

Te amo para além da sua fraqueza.

Te amo para além do meu pecado.

Te amo para além da nossa história.

Te amo para além da morte.

Te amo.

Mais felizes seremos!