UMA CARTA DE DESPEDIDA

Eu não sei como dizer, nem mesmo como começar... O dia hoje amanheceu estranho... Um sol nublado... Creio que até mesmo a natureza já sabia o que ia acontecer... Foi nossa última vez.

Talvez não compreenda e se pergunte se estou louca... Na verdade, nunca estive tão sã... Por vezes, teus olhos não me enganaram... O único amor que queres de mim é aquele em que tu possas gozar... Vejo o teu desejo, mas não o teu amor... Sinto a tua vontade me tocar, mas não o teu carinho... O que realmente preciso não sabes, na verdade, me dar...

Sinto por eu mesma não conseguir esconder, diversas vezes, esta minha tristeza que apenas responde: “nada...”. Mas nada é o todo vazio dentro de mim... O que será do amanhã? Não sei, não sei. Não sei se fico ou passo, se eu permaneço ou me desfaço... Sei apenas que tenho um caminho a trilhar sozinha.

Eu sinto muito... Por, na verdade, ser uma menina misteriosa que sempre se torna mulher para desafiar aquele que a quer... É uma questão de mérito. Pois preciso de um homem por completo, que realmente reconheça o meu valor... Confesso que tu és parte do que sonhei... E todas as lindas coisas que eu vivi ficarão registradas para sempre... Não só em folhas de papel, mas aqui dentro desse imenso coração que só deseja amar e ser amado dignamente.

Tudo o que quero é um amor de verdade, um amor que seja só meu e não pela metade... Quero um amor p’ra nunca perder, p’ra rir e chorar e viver, um amor que me faça sentir o corpo todo estremecer... Quero um amor p’ra me dar um carinho, p’ra me pedir com jeitinho p’ra fazer amor... Só quero um amor de verdade... Um amor que nunca me faça ter saudade, um amor que eu possa amar... Para toda a eternidade.

Meu lindo príncipe, a quem eu verdadeiramente acreditei que era a minha metade, a outra asa da borboleta, que eu havia perdido, feita para este único encaixe... Talvez eu tenha achado A chave errada... Por isso, peço perdão por minhas próprias lágrimas, devido minha própria culpa... Não há como abandonar o que nunca tive...! Quero apenas me despedir da alegria que pôde me dar enquanto esteve comigo, fingindo me amar – fui realmente feliz – sou-lhe grata. E, por fim, escrevo o final da carta incompleta que um dia eu te dei:

“Por que tem que ser assim? Queria de verdade alguém que me amasse acima de tudo, capaz de largar tudo por mim, mas quando abro os olhos... Vejo que tudo é ilusão, meu querer não passa de um simples desejo tolo de meu coração, um sonho impossível de se alcançar... Enquanto eu devotaria a vida ao homem cuja coragem ultrapassasse a razão e cuja força de seu coração fosse capaz de enfrentar o mundo, para cultivar, simplesmente, este amor que há em mim – amor que é luz, suprema luz”.