De repente

De repente, pequena, essas alegrias que a gente vinha sentindo não passavam de uma solidão compartilhada no inverno. Quem sabe esses teus beijos em minha boca nunca me pertenceram... Quem sabe foi apenas a maneira que você encontrou de calar seus próprios gritos e, sem perceber, soprou toda a angústia na minha garganta. De repente, pequena, eras grandes demais pra se sentir à vontade em meu coração e não houve jeito de te guardar em mim. Talvez o fim dessa história já tivesse sido escrito da maneira como nos conhecemos... Uma tarde inteira caminhando pelas ruas só podia acabar em um beco sem saída. Pular o muro é para poucos... Nós ainda não pulamos. Estamos aqui após essa longa gestação de relacionamento, nos olhando nus, você com uma barriga enorme esperando que algo aconteça. Faz força, pequena. Deixa nascer. Ou então dá meia-volta e me deixa olhando pro muro sozinho. Acontece que é chegada a hora de uma decisão e, se você não decidir, eu vou pular o muro e não vou olhar para trás. Já te contaram que atrás de cada muro existe um cadáver? Portanto, não se cerque de muros, ma petit.

29/08/11