ATEU

Seria prudente começar perguntando os motivos, mas quero ser objetivo no que proponho: Meu assunto é Deus.

Porém, faz-se necessário falar que desde a minha infância fui ensinado que Deus existe e que pune os maus e gratifica os bons.

Este principio já me fez pensar num deus como aqueles que li nas histórias mitológicas.

Com o passar do tempo, vivi as propostas religiosas que defendiam o mérito humano como base desta relação Deus-homem. Tal realidade reforçou o contexto infantil da mensagem e provocou em mim um medo visceral, já que por mais que me esforçasse, não conseguia ser bom constantemente e sendo assim, poderia sofrer a vingança Divina a qualquer momento. Neste pensamento, passei a ver as doenças, os acidentes, a falta de grana, o fora da namorada e mais um monte de coisas comuns, mas que considerava ruim como o "pesar da mão de Deus".

Dentro de mim, havia uma culpa que me punia como o bater de um chicote. Sentir era um calvário. Cheguei ao ponto de treinar o que podia, ou não podia, falar. Meu comportamento passou a ser baseado no que esperavam de mim, e assim me tornei um "bom garoto".

Os de fora, ou seja, aqueles que não faziam parte do convívio, eram "ímpios" e inimigos de Deus.

Mesmo que em mim houvesse um vulcão que sentia, sonhava e via. "Meu Deus"....

Até que cresci e passei a observar que muitos dos que me ensinavam, tinham vida dupla. Seus discursos passavam longe das suas atitudes. Quando questionei, me repreenderam e mais uma vez "ensinaram" que não podemos questionar os "ungidos". Entendi que o importante é o que se mostra para os outros e não o que se é: preserve sempre a imagem.

Tal realidade fez com que eu também passasse a viver vida dupla. Mostrava uma coisa e vivia outra. Passei a fazer tudo o que antes negava, porém quando estava na presença dos que compactuavam a "fé" me mostrava o "bom garoto".

Um dia decidi largar tudo. Já maior de idade, cai na vida "oficialmente". Fui taxado de "desviado", "herege", "apostata" e mais um monte de coisa. Minha resposta foi "O deus que vocês dizem servir, é tão falso quanto vocês. Eu pelo menos não preciso mais esconder o que faço". E confesso que me senti melhor e assim fiquei por anos.

No decorrer da historia me formei, namorei, noivei, casei e tive um lindo filho. Minha vida era a mais perfeita possível. Não sentia necessidade de nada. Aquele deus, já havia caído em esquecimento. Refutava qualquer coisa que me lembrasse este passado.

Até que, durante uma festa de aniversário, recebi de presente um Novo testamento. Olhei com desprezo, mas como se tratava de um presente vindo de uma pessoa especial, acolhi.

Cheguei em casa e depositei-o na estante. O tempo passou e numa manhã acordei disposto para mais uma corrida matinal e ao procurar meu relógio, reparei que o Novo Testamento aberto sobre a mesa da sala. Peguei-o e vi que uma passagem estava marcada "Eu sou o Caminho; A verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai se não for por mim". Lembro até hoje do impacto que vivi. Foi tão forte que nem o passar dos dias me fizeram esquecer.

Numa tarde chuvosa, peguei o livro e passei a ler. Todos os dias lia pelo menos um trecho. O hábito foi se fortalecendo a medida que ia descobrindo um Deus sem as reservas que me ensinaram. Minha mente treinada resistia, porém era como se Algo além me conduzisse.

Vi em Jesus, um Deus Misericordioso, Compassivo, Clemente e acima de tudo, um Deus de Paz.

Hoje continuo a leitura e ainda que muito dos meus antigos ensinos ainda mostrem as garras, algo diferente está acontecendo.

Escrevo minha experiência como alerta para os religiosos de plantão, estes que por aí estão apresentando um deus vingativo, instável, mau humorado e barganhador; não brinquem com a vida, com os sonhos e com a individualidade alheia. Não tente desumanizar as pessoas.

E escrevo principalmente para você que hoje vive o que vivi, saiba que em Cristo encontrei Deus verdadeiramente e isso com uma simples leitura do Novo Testamento.

Só isso, o restante é com vocês.

Ex- ateu