O que eu não entendo...

Ainda antes do Natal, quero escrever-te. Sei que estas épocas são de saudade, melancolia, lembranças... mas preciso entender o significado de algumas atitudes estranhas, apenas para me situar e quem sabe, ainda assim, tentar te ajudar a resolver. Sei que não tenho muitos atributos e minha verdade é facilmente reconhecida. Imagino também que "sentimento" é algo difícil e que devemos estudar muito bem as possibilidades... afinal, nada poderia dar errado, não é? Para ti era necessário mudar de lugar e eu apenas deixei-me envolver por "sentimento" (algo hoje em dia, fora de moda). Era preciso ser cuidado, amado, acarinhado... e eu tinha todo o amor do mundo para te dar. Era preciso deitar em lençóis limpos e coloridos, numa cama de verdade e uma mulher inteira, a vigiar teu sono e tua intimidade. Revelei-me para te proteger. Sei que procuravas uma pessoa capaz de circular ao teu lado, capaz de desenvolver "N" atividades, para apoiar-te e seguir-te, sem que tivesses muito trabalho. Eu resgatei algumas "Angelas" e outras tantas, para cumprir todas as tuas necessidades. É claro que sou imperfeita e geniosa, sem trava na língua, mas falei-te antes de assumirmos maiores compromissos. O que eu não entendo de verdade, é que nenhuma das minhas iniciativas ou atitudes, são capazes de te comover, ou até mesmo te mostrar minha presença. E eu fui perdendo o jeito de sorrir que eu tinha... o jeito de andar nas ruas, de olhar para as pessoas, até mesmo de executar meu trabalho. Creio que devo pedir desculpas... primeiro à mim, que mergulhei sem reservas numa relação desconhecida. Ingenuamente achei que já te conhecia e me senti protegida pelo teu posicionamento em "ficar" comigo, mas era preciso primeiro nos conhecermos. Peço desculpas à ti por ter aceito os desafios, sem questionar a "verdade".  Sempre acreditei em amores à primeira vista.  Sempre fui péssima em jogos, uma verdadeira "múmia" em extinção. Com toda a minha experiência, eu devería ser uma ótima jogadora, com artimanhas mil para enganar um exército inteirinho, mas infelizmente nesta prova fui derrotada... peço-te desculpas! Também não medi esforços para que nada faltasse... grande idiotice da minha parte. Investi para que tivesses uma vida normal e fossemos um casal de verdade: -  unidos, sem guerras internas, sem perdedor ou vencedor, sem sentimentos ruíns, sem tristeza, sem perdas ou remorsos... amigos antes de tudo, para que fossemos o alicerce um do outro.  Sei que errei por ser "diferente", por não querer ver primeiro, todas as armas desta teia de enganos. Perdoe-me pela simplicidade na qual acredito ser "felicidade" . Pela simplicidade com que me visto e por te fazer conhecer a força de tudo o que sinto, sem preocupar-me com o lado masculino/feminino da história.


                             Feliz Natal!        

Angela Lara
Enviado por Angela Lara em 23/12/2006
Reeditado em 28/03/2012
Código do texto: T326198
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