Querida Kenara
            Simplesmente contagiante o seu entusiasmo ao falar da sua gravidez. A maternidade é o maior vínculo da mulher com a Natureza. Não ignoro que a mulher tem muitas aptidões, mas penso que nem todas elas juntas suplantam a maternidade.
            Vivendo nós na “era do culto ao corpo”, você menciona a transformação nas curvas dos seus quadris-que curvas!-, os pés apresentando inchaço... Faz parte, é provisório. Daqui a alguns meses você continuará linda como sempre. Não se preocupe também, com as curvas dos gráficos financeiros da empresa. O xará dará conta de tudo, pode confiar. Sem a convincente participação dele você não estaria em estado tão interessante.
            Gosto de pensar que das belas mulheres restam as fotografias e os filmes. Das executivas resta a curta memória das empresas, empreendimentos, países em que se notabilizaram. Da mulher-mãe que exerceu generosamente seu papel fica o traço prolongado da vida que gerou e que se estende de modo infinito na linha que aponta o futuro. Além desse limite vem a eternidade onde será colhido o fruto do seu ventre.
            Ser mãe é sempre estar na moda, ainda que a moda oficial procure com avidez aqueles espaços em que a mulher possa servir de enfeite ou se preste para o momento fugaz do prazer e da propaganda. Moda, propaganda, mulher bonita, isso tem dado pano pra mangas nesses últimos dias, não? Mas o que é a moda frente à maternidade?
            Que você volte-se inteiramente para a vida e para a qualidade de vida do meu futuro afilhado.
            Leon Tolstoi diz que é das mães que depende a salvação do mundo. W.M. Thackeray diz que “mãe” é o nome de Deus nos lábios da criança. E eu digo a você que este mundo vale a pena, e nada mais importa, porque nele um dia existiu a mulher que nos gerou.
            Um beijo.