Oi, Edson

Faz tanto tempo que não nos vemos, não é? Hoje pela manhã foi a última vez. Foi trabalhar, cumprir seu papel na sociedade, suas responsabilidades.

Mas você sabe que eu sinto saudade de você. Hoje é um destes dias, em que a saudade parece que está maior.

Tanto tempo de casados e parece sempre que é o primeiro dia, o primeiro mês, o primeiro ano. Você sabe que estou falando, digo, escrevendo de coração e de verdade. Você sabe que se eu não gosto, não gosto. Não tenho meio termo.

E é preciso te falar. Falar que te amo mais do que nunca. Apesar de você ter engordado, ficado barrigudo, de cabelo branco, pele já começando a enrugar... Que velho! Mas. Eu ainda sou uma menininha linda, bonita, magrinha, esbelta, de cabelos normalmente tingidos de castanhos escuro...Gostou? Você sabe que deixo o tempo tingir o tempo, não é?

Pois é tanta mudança física, mas, nosso companheirismo, nossa união, nossa cumplicidade não mudou. Continuamos os mesmos, “como nossos pais”, continuamos dando broncas nos filhos, aconselhando, ajudando, como se eles ainda fossem dependentes de nós. E o pior é que sabemos que eles não gostam disso, né? Mas somos como nossos pais...A Edilene diz isso sempre.

Tantos anos juntos e o “café da manhã” você ainda me leva na cama, me acordando com esse seu jeito especial, não querendo incomodar. Ou, o café já está pronto quando eu me levanto. Não parece, mas esses mimos me fazem muito bem, são sintomas de amor eterno.

Por isso todos os “detalhes” dessa união são marcas que nunca esquecerei. Inclusive os discos em vinil, antigos, do Roberto que você ainda gosta de ouvir. Às vezes se fazendo de durão para não sofrer gozações do Júnior.

Nossa união já rendeu juros e correção monetária: os netos já estão chegando e o vovô é solicitado para tudo e por todos. Pena que não temos mil braços para abraçar todos de uma vez, num único abraço, bem forte, e demonstrar o quanto os amamos.

Por isso tudo, pela vida toda que tivemos, pelo mundo que descobrimos juntos, pelas fendas que tivemos que ultrapassar, pelas pinguelas que nos assustaram, pelas horas de agonia que choramos juntos, mas, principalmente pelas inúmeras horas de alegria e de felicidade te amo.

Mil, um milhão de beijos, um trilhão de abraços...

Marlene