SENHOR:

Sei bem que tu sabes: estou profundamente triste. Perdoa-me, Pai, estou mesmo zangado. Não sou católico, todavia, aquele Padre Leo me cativou, ele foi um fenômeno. Inteligência, coragem e sabedoria, sem dúvida, eram três de suas grandes virtudes.

Ouvir Padre Leo significava exercermos nossa vocação maior, enquanto cristãos, qual seja a de adentrarmos em experiências de transcendências salutares, celestiais, indeléveis. Como era extraordinário atentarmos para seus sermões! Ríamos, chorávamos, mas tudo sob a batuta do Espírito Santo, tudo tendo um denominador comum: aprendermos o caminho da santidade deveras libertadora.

Eu sei, Senhor, que o salmista garante: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos”. No entanto, dói, dói muito, é angustiante que um sacerdote desta envergadura tenha se calado de vez. Eu não hesito em dizer: Padre Leo é um só, ninguém o substituirá, ninguém. Não é idolatria, é amor, é reconhecimento, é verdade.

Eu não quero ser atrevido, mas confesso que teus mistérios, que teus desígnios, às vezes, como agora, me deixam um pouco confuso. Ele era ainda tão jovem! Perdoa-me, Senhor, como disse, estou machucado, sinto saudades.

Sabes como o procurava na televisão a fim de beber em sua fonte e sabes também como me senti e fiquei ao saber que ele estava com câncer. É duro, meu Pai, é quase incompreensível. Apesar de tudo, Paizinho, seja feita a tua soberana vontade. Sei bem de minha pequenez, do meu lugar. Um dia, assim creio, entenderemos verdadeiramente tua lógica, as tuas razões. Que Deus seja louvado!