Inesperada...

A carta chegou pelo correio, meu nome escrito à mão, um selo e carimbo de algum lugar do sul, o remetente... Estatelada, quanto tempo não via aquele nome, não pensava naquela pessoa...

“Cara...

Estou morando longe, mesmo sem nos falarmos a muito tempo senti falta, este lugar é lindo, cada detalhe me lembra você e quis dividir (envio algumas fotos), estou feliz, pois passei em um concurso, estou em uma fase de reflexão muito estranha, desconfio que mudando meus conceitos, e foi por isso que resolvi te escrever.

Poderia te mandar um email, mas... Queria dedicar a você palavras escritas à mão, a você que me fez rir de coisas simples e sempre me ajudou a acreditar que o que vale a pena realmente custa bem pouco. Hoje vivendo aqui entendo, a simplicidade me ensina que são os relacionamentos que dão sentido à vida, este lugar tem alma, não é como a cidade que fede a egoísmo, em que cada um fica em seu quadrado, me sinto parte de uma cidade, sou conhecido pelo nome, não que seja um lugar tão pequeno, mas como tudo aqui é baseado no contato, fica fácil. Você acharia terrível somente a sensação de ser sempre observada, já que tem este seu estilo alternativo, mas nunca senti tanta falta dos detalhes de alguém como sinto dos seus. Revendo as pessoas que passaram por minha vida, sei que não a maioria era uma porção de bonecos, marionetes alienadas, e eu a distração da vez, de risadas bêbadas e vazias...

Quando me perdi de você, eu procurei a paz que só você me dava em tudo quanto é bobagem, e sei que você chorou pelas minhas grosserias e amarga a lembrança das olheiras que vi em você alguns dias depois. Eu sempre vou te amar, com a minha mais sincera ingenuidade, meu mais puro sorriso, pois você me ensinou sobre o silencio, e hoje eu entendo o que ele diz, ele fala de almas, de respirações e batidas em sintonia dos corações, eu perdi pela tolice de esperar que minha mulher completa fosse uma versão mais interessante das bonecas que eu conhecia, me perdoe.

Espero que esteja feliz, e que esta carta não seja motivo de ciúme ou briga com ninguém, só precisava dizer o que sinto, gostaria que estas minhas rabiscadas palavras fossem para aquela caixinha mágica em que guarda seus feitiços e segredos, pois seria como se ainda guardasse o pedaço do meu coração que deixei com você. Adeus minha flor, espero que tenha toda a felicidade do mundo e que NUNCA te machuquem como eu o fiz.

Fique com tudo o que há de bom no universo...

Beijos cheios de saudades

De ...”

Não conteve as lagrimas, nem a dor no peito, estava tremula, e queria morrer ou sumir, pois na noite anterior sonhou com o rosto daquela pessoa e amaldiçoou o fantasma que um dia foi seu grande amor. Ele sempre teve o brilho nos olhos, ma cultivava a superficialidade como véu, ela o amou muito, e desde então manteve todos a uma distancia segura. Estava só e quase juntou suas coisas e foi a seu encontro, mas como saberia se não foi somente o devaneio de um solitário?

T Sophie
Enviado por T Sophie em 14/12/2011
Código do texto: T3388690
Classificação de conteúdo: seguro