Carta ao amigo Dalai

O medo da morte, a ausência de sorte e a dor presente. Sem dúvida são os males que assolam as mentes frágeis e almas ainda incertas. Os males são exceção em mim, que sou tanto quanto característico, mas nenhum medo tenho da morte. Não duvide também, que de supetão como foi, é uma das piores formas de se começas um parágrafo. Quiçá o primeiro parágrafo. É claro que procurei forma pior de iniciá-lo, mas não me veio nada à cabeça.

Alguns estudiosos do ramo dizem que é impossível o famoso "nada à cabeça", mas ainda que assim fosse, não importa, o descrevi como senti e se senti é porque aconteceu. Não quero discutir a ciência, aliás, meu motivo é outro. Trago reflexões. Melhores? Não! Talvez mais adequadas.

Peço somente que não me julgue tão machadiano, pelo excesso de desculpas e esfarrapos, tampouco pela frieza de minha pele. Não sou o defunto autor, apesar de já sentir o verme nas extremidades frias.

Finalmente digo-lhes o que me aflige: a indecisão do destino, o confuso futuro e a inconstância de ambos. Caro amigo Dalai Lama, não se sinta mal ao ver que eu penso ansiosamente no futuro e constantemente me esqueço do presente. Obviamente não quero morrer como se nunca tivesse vivido, mas por favor, me tire dessa acusação.

A indecisão do destino por não conseguir ao menos escolher entre a razão e a emoção. O confuso futuro definido bem ao pensamento do que o próprio me reservas caso escolha o exato ou então apelativo. A inconstância de ambos não requer explicações e talvez por isso vou concedê-la assim mesmo: o fato é que não há um muro, há uma fronteira. Ora estou cá, ora estou lá.