Apologia ao Prof. Felipe Aquino II

Resposta a Orlando Fedeli

Já nem esperava mais resposta a minha carta, pois já havia 4 meses que tinha escrito (15/04/2005) e grande foi a minha surpresa ao receber vossa resposta. A resposta a qual me refiro é a que deste o título de “Canção Nova e Ressurreição da Igreja”, um título um tanto estranho para a minha carta de “apoio ao Prof. Felipe Aquino”.

Terminaste a tua missiva afirmando que “para mau entendedor, não adianta muitas provas” e em seguida me perguntas se sou “bom entendedor” : “E você, meu caro Leandro, é bom entendedor?” (Fedeli, Orlando. Canção Nova e Ressurreição da Igreja. – resposta à carta de leitor 15/04/2005).

Respondo-lhe afirmando que graças a Deus, sou bom entendedor. Mas, gostaria de fazer algumas considerações atinentes a tua resposta.

No que se refere à questão do “imprimatur” , tudo bem que não seja uma garantia de retidão irrefutável em matéria de fé, mas já é um indício que a obra tem valor. São Pio X ensina:

“Nem se julguem desobrigados disto por terem ciência de que certo livro alcançou de outrem o Imprimatur, porquanto tal concessão pode ser falsa, como também pode ter sido por descuido, por excesso de benignidade, ou por demasiada fé no autor” (São Pio X - Pascendi III, Parte III)

E por que dizia isso? Para coibir os livros modernistas que ameaçavam a reta fé católica:

“compete, outrossim, aos Bispos providenciar para que os livros dos modernistas já publicados não sejam lidos, e as novas publicações sejam proibidas.”( São Pio X -Pascendi III, Parte III)

Assim sendo, poder ter sido por descuido, por excesso de benignidade, ou por demasiada fé no autor, são todas situações hipotéticas(e visando coibir aos livros modernistas que principiavam a surgir na época – 1907!), portanto o imprimatur do livro do Prof. Felipe Aquino também pode ter sido dado (para não dizer FOI CRITERIOZAMENTE CONCEDIDO) pelo fato do livro ser recomendável. ( e recomendado por autoridade competente da Igreja): “Usem pois, os Bispos a maior severidade em conceder licença para impressão.” (São Pio X - Pascendi III. Parte IV – o grifo é nosso.)

Em relação à minha “interpretação” à citação do livro do Prof. Felipe Aquino (cf. AQUINO,Felipe. Sede Santos!.... 2ªEd.Lorena:Cléofas,1999,p.74) o senhor me diz:

Entretanto, a sua interpretação, para salvar a frase de Felipe de Aquino, é desmentida pelos livros do Padre Jonas Abib que Felipe de Aquino segue. Padre Jonas Abib, em um de seus livrecos, diz coisas tremendas sobre a Igreja, anterior à RCC, e depois qual é a missão da RCC em face da Igreja, como era antes. (Fedeli, Orlando. Canção Nova e Ressurreição da Igreja. – resposta à carta de leitor 15/04/2005 – o grifo é nosso).

Dessa forma o senhor usa como argumento à minha “interpretação” os livros do “padre Jonas Abib que Felipe de Aquino segue”? Teu argumento é falso por dois motivos básicos:

I – Prof. Felipe Aquino não segue ao Pe. Jonas Abib.

II – Desconheço qualquer citação do Pe. Jonas Abib nos livros do Prof. Felipe Aquino, em especial neste livro em questão (AQUINO, Felipe. Sede Santos!.... 2ªEd.Lorena:Cléofas,1999).

O Prof. Felipe Aquino segue a Jesus Cristo, e portanto ao Sagrado Magistério da Santa Igreja Católica, nos seus escritos encontramos abundantes citações do Magistério da Igreja, dos Santos, bem como da Sagrada Escritura, portanto não procede que o Prof. Felipe seja “seguidor” de padre Jonas Abib, o senhor confunde amizade, apreço, com discipulado. Aliás todos nós (católicos) devemos ter como mestre Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. São Lucas XXIII, 10).

No que se refere aos escritos do padre Jonas Abib, os quais não conheço, caso seja realmente evidente que existam erros doutrinários, há que se corrigir, porém é necessário ter o devido cuidado com a visão fundamentalista (protestantizada), de tais obras, visto que pela vossa lógica quando, por exemplo, São Francisco de Assis nos idos do século XIII, em oração na Igreja de São Damião ouve a ordem “reconstrói a minha Igreja”, o senhor concluiria que a Igreja anterior a São Francisco estava em ruínas, destruída, o que não é verdadeiro. É assim que o senhor interpreta as palavras do padre Jonas.

Em fim, creio ser inútil prosseguir nesta argumentação, pois como sabiamente disseste: “para mau entendedor, não adianta muitas provas” (Fedeli, Orlando. Canção Nova e Ressurreição da Igreja. – resposta à carta de leitor 15/04/2005 – o grifo é nosso) E no vosso caso tal discussão se torna infinitamente difícil, visto que vossa senhoria (ou deveria dizer Vossa Santidade?) se arvora em apresentar (apontar) erros doutrinários dos Papas, infalíveis em definições de fé e moral, que dirás de nós pobres leigos que não possuímos tal prerrogativa? (a infalibilidade!).

“O Sr. Orlando Fedeli argüi os últimos Papas de ter incorrido em erros doutrinários, apesar de gozarem do carisma da infalibilidade quando se pronunciam ex-cathedra, ou seja, como Mestres da fé e da Moral em caráter definitório. - Tal atitude não condiz com o pensamento da Igreja, que recomenda aos fiéis respeito às afirmações do Santo Padre, mesmo quando não fala ex-cathedra. O Papa não se pronuncia levianamente, mas sempre após ter estudado e ponderado cuidadosamente os pontos que aborda.” ( Revista Pergunte e Responderemos nº 464, p.20 – Janeiro/ 2001 – o grifo é nosso).

Diante disso, encero minhas considerações pondo um ponto final a esta discussão, acreditando (apesar dos pesares) ser vossa senhoria um “bom entendedor”! como reflexão deixo-lhe estas palavras do nosso mestre: “Não julgueis e não sereis julgados. por que do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a mesma medida com que tiverdes medido, também vós sereis medido” (São Mateus VII, 1-2).

In Corde Jesu, semper,

L.M.J.

Agosto-2005

“No entardecer da vida seremos julgados pelo amor” – São João da Cruz.

Leandro Martins de Jesus
Enviado por Leandro Martins de Jesus em 27/12/2011
Código do texto: T3409013
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