Carta ao tempo

Eu... Eu não desejo o encanto eterno,
bem conheço a tua trajetória, óh! Tempo.
Ontem, como hoje, vivo em teus braços
alados, não há ilusão em minh`alma,
és frio como as eras, que trazem
sorrisos aos olhos no nascer,
e perpetuam a saudade no partir...
Eu sonho em viajar...
Como eu gostaria de visitar, sem dilacerar o coração,
os mistérios que põem termo a vida...
Rever antigas fisionomias, e saber
em que mares da eternidade fundearam
suas almas...
Quem sabe hoje, amanhã, não sei...
O que eu sei é perceber a tua presença,
oh! Tempo, sei do teu olhar, de tua
rapina, aguardando o convite do eterno,
para vigiar-me, alongando seu faro,
para os meus caminhos... Para depois
no turvar dos dias, estender-me a mão
pra seguir-te na grande viagem ao infinito...
Nos papirus que envelhecem a tua história de viajor,
oh! Tempo, eterniza a vida amarelecida, que
serviu a tantos, modelos vestidos para o bem e para o mal...
Quantas vezes me sombreaste a existência?
Talvez, tantas quantas são as estrelas do céu, sei que
do vento gélido nascido em suas entranhas,
assustam-nos as tempestades negras e toda a sina
humana de te pertencer, oh! Tempo!

Malgaxe

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 01/01/2012
Código do texto: T3417469
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