Pequenas cartas pra alguém...

Discursei sobre o amor porque havia me perguntado algo a respeito. Mas também nem sei se concordo comigo. Nem ao menos tenho certeza se existe o amor. Talvez mais uma interpretação humana, mania de denominar sentimentos. Isso limita o sentido das coisas. Enfim, tornamos a simplicidade da vida na mais complexa tese inatingível. Por isso me calo. Por isso discordo e, no entanto, considero todas as opiniões. São infinitas as verdades, porque existem infinitos mundos. Haja vista que existem infinitas cabeças. Bom, definitivamente falar do amor não é meu forte. Talvez por amar demais, talvez por me faltar humildade suficiente de entender esse sentimento. Sigo na dúvida sem a pretensão de desvendá-la.

Quanto aos venenos, faz parte de minha caminhada essa tendência de explorá-los, pq mais me encanta a folha seca numa rua suja e feia, que as mais belas artes paisagísticas. Provo pra falar com propriedade. Devoro tudo que faz mal. Sou assim, cor rompível, subversiva, inanimada. Sou antes exatamente o que ignoro descobrir. Pois não posso deixar de lado o que a própria natureza me induz. O que há de vir, virá, como os versos nascendo a cada emoção. Pra que a vida sem emoção? Ainda resta-nos as lembranças. E também os devaneios. Tudo isso nos compõe. Forte ou fraco. Como drogas, almejos, nuvens farsantes de formas variadas, logo esquecemos tudo.

Não vejo muitas complexidades do ato de fingir. Imagino que Pessoa fala literalmente ao mesmo em tempo que usa uma metáfora. Todos fingimos, sabemos mentir. Porém, o fingimento poético, pra mim, soa como a percepção aguçada dos poetas, de tão poderosa faz com que se crie de verdade, a mesma sensação no poeta. O que gera uma mentira verdadeira. Um fingimento sincero. Poucos conseguem entender isso. É o que sentimos pq temos o dom de sentir. Nem sempre é bom, pq quando se ver além do que os olhos comum vêem, muita coisa estranha passa a torna-te um ser estranho também.rs.

É sempre mais dificil ser simples, porém, mais perfeito. O uso das poucas palavras mostra o domínio, justamente, de saber excluir, desmaterializar-se das palavras pra encontrar o sentido. O sentido não precisa ser explicado, por isso não exige muitas palavras, o que não impede de existir poemas enormes com sentidos bárbaros, é o caso de um poema de Pessoa chamado A HORA ABSURDA. Também um poema de Allan Poe, O CORVO, cheio de sentidos translúcidos. O fato é que as experimentações te buscam. Não adianta correr atrás dela, é insano. Inspiração é momento mágico da criação. Ela te escolhe o momento.

Shauara David
Enviado por Shauara David em 15/01/2012
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