GOSTOSO DEMAIS SENTIR SAUDADE DE VOCÊ...

Sabe, hoje eu tirei o dia para sentir saudades suas. Saudades das mais diversas. Não foi só saudade, mas saudades, no plural mesmo. É... Esses intelectuais, que agem apenas com o cérebro, inventam palavras sinônimas para expressar a mesma coisa por diversos caminhos. Às vezes, eu penso que é demais, pois saudade é, e sempre será saudade, mesmo que venha multiplicada, ou melhor, mesmo que venha acrescentada de uma consoante que simbolize essa multiplicidade.

Mas, deixe-me falar dessas “saudades” que estou sentindo hoje... Sim, essas saudades estão me acompanhando neste dia, o dia todo, sempre me lembrando de pequenos detalhes – que eu vejo por onde passo – e que me fazem lembrar nossos detalhes.

Lembra-se daquela feira que visitamos juntos? Pois, hoje, eu visitei uma feira e, em cada estande que passei, eu me lembrei da sua companhia, como se a feira que eu estava visitando – sozinho – fosse a feira que visitei na sua companhia.

O que dizer daquela noite em que ficamos até mais tarde olhando as estrelas? Foi especial. Acho que foi a primeira e única vez que fizemos isso, não foi? Também! – teve hora em que o céu parecia estar trabalhando o seu brilho apenas para nos iluminar, tamanha era a luminosidade de nossas almas em perfeita sintonia...

E as vezes em que nos encontramos “casualmente”, hem? E como, nesses encontros, dávamos um jeitinho de estarmos sempre pertinho um do outro? Foram momentos ímpares, indescritíveis, talvez pelas circunstâncias em que eles aconteceram. Cheguei, inclusive, em alguns deles, a fazer uma força descomunal para poder estar presente. Diria até que foram trabalhos dignos de Hércules. Mas deixemo-los para lá! O importante é que eles, depois de cumpridos, só trouxeram o prazer de estar ao seu lado, mesmo que tenha sido por breves momentos.

Houve outros momentos. Sim. Até os momentos ausentes foram importantes. Às vezes, até os contatos sem a presença física foram maravilhosos. Ah! Como foram!

Por isso, a saudade de hoje. A maior saudade que sinto é de você, pois só existem momentos porque você, primeiro, existe para mim. E eu vou dizer, sinceramente, que a pluralidade, neste caso, é dispensável, pois a saudade sem “esse”, que habita dentro de mim, já é suficiente para me fazer lembrar e reviver – sempre que ela se manifesta – aqueles raros, “fortuitos” e inolvidáveis instantes em sua companhia.

Sim. A saudade de seus cabelos, da roupa que você usa, do perfume que me embriaga sempre quando estou perto de você, de seus gestos que sempre me transmitiram confiança e simpatia, do desejo e da paixão com os quais o seu corpo sempre me presenteou, da sua boca que sorri todas as vezes em que eu olho para ela e a desejo, do seu olhar penetrante e capaz de desvendar os meus segredos e, também, da transmissão de pensamentos que sempre nos fez companhia – como num código decifrável apenas para nós.

É ou não é gostoso sentir saudade (ou saudades) desde que seja desta forma? É sim. O poeta diria que a saudade que sentimos é medida apenas pelo tamanho do prazer que o nosso corpo gera todas as vezes que lembramos os detalhes daquilo que vivemos com emoção.

Se, neste exato momento, você se materializasse diante de mim, certamente, eu recitaria pequenos versos apaixonados, mesmo que o tema principal não deixasse concretizar os devaneios declamados e apenas expusesse o quanto de saudade estava inserido naquelas singelas linhas imaginárias.

Em síntese, o que quero dizer é que “tô com saudade de tu meu desejo, tô com saudade do beijo e do mel, do teu olhar carinhoso, do teu abraço gostoso, de passear no teu céu...”, como diz Betânia em “Gostoso Demais”.




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Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 22/01/2012
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