Escolha

Eu escolhi viver a minha vida.

E continuar a viver.

Escolhi acordar todas as manhãs sozinha na cama, ou com uma desconhecida ao lado, ou com uma desconhecida que, de tão frequente já nem fosse assim tão desconhecida.

Eu escolhi mudar cenários, reorganizar livros, guardar lembranças e jogar fora bilhetes.

Escolhi afastar das minhas vistas aquilo que era óbvia lembrança de outros tempos.

Escolhi ser grata pelo livre arbítrio, e não o contrário.

E reconhecer que sou eu quem posso tornar o que me cerca diferente a cada instante.

Um olhar.

Um movimento.

Uma palavra.

Ou a ausência dela, e que produz em tudo um pouco de nostalgia daquilo que ainda não existiu.

Hoje sinto-me forte.

Embrutecida por empecilhos do percurso que fiz até então.

Mas firme, consciente, madura, senhora de mim.

E quando, por falta de algo que não sei, a lembrança e a saudade de um passado vem, deixo que passe.

E passa com a simples convicção: vivi o que foi preciso.

Optei por permanecer até o fim, e esgotar as possibilidades.

E não me sentirei mal se me cansei de me ver envolvida em sofrimento.

Existe algo mais.

Escolhi transpassar o limiar do horizonte.

E ver que há mais mundo.

Mais gente.

Mais cor.

Mais amores, decepções e esperanças.

Há um mundo pós-grande amor.

Magali Lopes
Enviado por Magali Lopes em 17/02/2012
Reeditado em 25/08/2013
Código do texto: T3504770
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.