De pai para mãe.

Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de tv contra a transferência de seu filho da penitenciária da capital para outra no interior.

A vi se queixando da distância que agora a separa de seu filho,das dificuldades e das despesas que tem para visitá-lo,bem como dos outros inconvenientes decorrentes daquela tranferência.Vi também toda a cobertura que a imprensa deu ao fato,assim como vi não só você,mas igualmente outras mães na mesma situação.Eu sou um pai e,assim,bem posso compreender o seu protesto e faço coro com ele.Grande também é a distância que me separa de meu filho.

Trabalhando e recebendo pouco,tenho as mesmas dificuldades e despesas que você,para visitá-lo.

Com muito esforço,somente posso fazê-lo nos domingos porque trabalho inclusive aos sábados,para ajudar no sustento e educação de minha família.Felizmente,conto com minha inseparável companheira,que desempenha,para mim,importante papel de amiga e conselheira.

Se ainda não sabe,sou o pai daquele também jovem e pai de família que o seu filho assassinou,estupidamente,num assalto à banco,onde ele trabalhava.

Ele estava juntava as economias para fazer uma faculdade.Deixou a esposa e dois filhos.

No próximo domingo,quando você estiver abraçando,beijando e fazendo carinho no seu filho,eu estarei visitando o meu,depositando flores no seu túmulo,num humilde cemitério..

E antes que me esqueça,apesar de ganhar pouco e sustentar minha casa com extrema dificuldade,fique tranqüila,pois eu pagarei novamente o colchão que o seu "querido" filho incendiou na última rebelião na penitenciária.

Arcanjjus Negrus
Enviado por Arcanjjus Negrus em 18/01/2007
Reeditado em 09/07/2009
Código do texto: T351452