De pai para mãe.
Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de tv contra a transferência de seu filho da penitenciária da capital para outra no interior.
A vi se queixando da distância que agora a separa de seu filho,das dificuldades e das despesas que tem para visitá-lo,bem como dos outros inconvenientes decorrentes daquela tranferência.Vi também toda a cobertura que a imprensa deu ao fato,assim como vi não só você,mas igualmente outras mães na mesma situação.Eu sou um pai e,assim,bem posso compreender o seu protesto e faço coro com ele.Grande também é a distância que me separa de meu filho.
Trabalhando e recebendo pouco,tenho as mesmas dificuldades e despesas que você,para visitá-lo.
Com muito esforço,somente posso fazê-lo nos domingos porque trabalho inclusive aos sábados,para ajudar no sustento e educação de minha família.Felizmente,conto com minha inseparável companheira,que desempenha,para mim,importante papel de amiga e conselheira.
Se ainda não sabe,sou o pai daquele também jovem e pai de família que o seu filho assassinou,estupidamente,num assalto à banco,onde ele trabalhava.
Ele estava juntava as economias para fazer uma faculdade.Deixou a esposa e dois filhos.
No próximo domingo,quando você estiver abraçando,beijando e fazendo carinho no seu filho,eu estarei visitando o meu,depositando flores no seu túmulo,num humilde cemitério..
E antes que me esqueça,apesar de ganhar pouco e sustentar minha casa com extrema dificuldade,fique tranqüila,pois eu pagarei novamente o colchão que o seu "querido" filho incendiou na última rebelião na penitenciária.