Sobre Educação de Filha


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Para uma Flor aflita

Professora Edna

Tenho dois filhos jovens um menino e uma menina. O rapaz não dá trabalho está fazendo o curso técnico e já está encaminhado pra trabalhar. Ano que vem tenho certeza que vai entrar na faculdade, mas a moça que é mais velha que ele me dá problema demais, não se interessa por nada e só procura amizade que não deve e está cada vez mais distante de nós. Desistiu de estudar e não procura trabalho, só quer viver de show em show com as amigas. Eu e o pai dela não sabemos mais o que fazer. Trabalho na escola (...) sou merendeira e lhe vejo sempre nas atividades e vi a senhora falando numa entrevista e gostei muito. Queria sua ajuda para poder ajudar minha filha. Deus lhe abençoe.
 
Querida Flor

    Obrigada pela confiança depositada na palavra de uma colega de trabalho que como você deseja um futuro melhor para nossas crianças e jovens. Também sou mãe e imagino sua preocupação em encaminhar sua filha na vida, pois quem vem de uma família sem muitas posses, que tem no trabalho e na educação a possibilidade de melhorar sua condição de vida tem mesmo que pensar cedo no futuro que não tarda.
    Educar filhos não é uma tarefa simples, ainda mais num mundo cada vez mais conturbado como o nosso. Educar filhas então me parece mais complicado ainda pois a  nossa sociedade traz ainda o ranço do machismo e elas, as meninas,  são bombardeadas com mensagens,  cobranças e incentivo a papéis que ainda não nos desfizemos deles.
     Um desses papéis é de que faz bem a mulher que arranja logo um marido, que vai cuidar da família e não precisa estudar nem se profissionalizar. Embora sua filha veja o seu exemplo e de tantas outras que são o esteio financeiro da família, parece não se tocar para essa realidade.
    Lamento sua angústia com o comportamento destrutivo que sua filha apresenta e, de verdade, se uma intervenção minha, mínima que seja lhe aquietar o coração e lhe der uma luz, eu me sentirei muito feliz, pois honrada já estou por ter  se lembrado de mim com esse fim.
     Vou
direto ao ponto:desculpa perguntar Flor, mas o quanto você e o pai contribuem para que ela mantenha essa atitude? Mantenha, sem trabalhar, o hábito de ir aos shows? Compram roupas novas, pagam cabeleireiro, dão o dinheiro para o ingresso? Desculpa outra vez se estiverem agindo assim são vocês mesmo que estão alimentando esse comportamento ocioso e negligente com ela mesma.
    Querida, nenhum caminho é fácil e se posso lhe dar um conselho direi que o melhor deles ainda será uma conversa franca e sincera, sem brigas nem sermões, dando-lhe as opções que dispõe: retornar a escola e arranjar um trabalho, fazer valer sua opinião de mãe que sabe da importância de se sustentar e ter objetivos de vida.
    Como mães e pais responsáveis por educar vidas, vez ou outra temos de endurecer, ser firmes com nossos filhos e filhas. Estabelecer limites é saudável e necessário.E vez ou outra também eles se confundem.São jovens, são humanos e é nosso papel orientá-los, defendê-los e amá-los incondicionalmente. E amar minha Flor, significa também dizer NÃO para certos comportamentos pouco adequados, que levam ao abismo da falta de valores, da falta de sentido e significado para a vida.
    Espero de coração que consiga ajudar sua filha a atravessar essa fase. Deixe claro que o pai e você estão do lado dela para que dê um rumo em sua vida.Um rumo que vocês e ela possam se orgulhar sempre.
    Um abraço, minha Flor. Estou torcendo para que tudo fique bem.  Se precisar conversar mais estou à sua disposição. E e me dê notícias viu?
 
 
 Ps.recebi este email em meados de dezembro de 2011.Respondi e depois conversamos por telefone.Tudo esta se ajeitando.
 

Da série CARTAS PARA UMA FLOR...