CARTA À MINHA MÃE SEVERINA - Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-Natal-RN-Ed. de 12 de maio de 2012

CARTA À MINHA MÃE SEVERINA

I

Tangido pura sodade,

no verso, vai meu recado.

Minha mãezinha adorada,

in ispríto, táis ao meu lado..

Intonce, é cum alegria,

qui eu cumpreto, no teu dia,

quarenta ano de casado.

II

Mamãezinha, quando eu tava,

in coma, lá no hospitá,

viajei p’ru muntos canto,

antes de me acordá.

Vi muntas belas paisage,

durante ais minhas viage,

no prano isprituá.

III

Porém, do lado de lá,

fui munto bem ricibido.

Vi belíssimos lugá,

muntos jardim fulôrido.

Nesses belos ambiente,

cunversei cum munta gente,

qui há munto, tinha murrido.

IV

Da UTI, iscutava,

tudo qui uis povo dizia.

E de fora do meu côipo,

istirado, ali, eu me via.

Chêi de fío, in n’eu, ligado,

eu drumindo, intubado,

e uis ponto da cirurgia.

V

Uví Adele chamando,

p’ru mim, ali onde eu tava.

Pensei in meus fíi chorando,

pensando qui eu me urtimava.

Muntas cunversa, eu uvia,

mais nem de longe, eu sabia,

o qui Deus me reséivava.

VI

E pegue eu a passiá,

no ôto prano, feliz,

avistei dotô Iron,

falei cum seu Antôin Luiz.

Vi você, papai e Quena,

num cunversemo; qui pena,

pois Papai do Céu num quis.

VII

Eu tava num lindo campo,

o mêdo me assartô de vêiz.

Porém, um véíin de branco,

uma revelação, me fêiz:

“Você num tenha receio;

vai vortá prá de onde veio,

inda num é sua vêiz.

VIII

E na sua ixpranação,

o véíin cuntinuô:

Você tá no mêi duis anjo,

incuberto de amô.

Vai vortá p’ru mêi duis seus,

purobra e graça de Deus,

qui é Jesus, Nosso Sinhô.

IX

Uis dotô fôro instrumento,

disimpenhando a função.

Cumpriro ais orde Divina,

in sua recuperação.

Vorte p’ru prano terrestre,

na parte urbana e silvestre,

vá cumpri sua missão.

X

Vá decramá seus poema,

leve p’ruis povo, alegria,

qui tá cunhada nuis verso,

de sua matuta poesia.

Amostre nuis versos, seus,

a bondade, o amô de Deus,

dia e noite; noite e dia.

XI

E na noite do dia quinze,

de dezembro, eu me acordei.

Fui logo disintubado,

mãezinha, puro qui sei;

fui prá lá de festejado,

quando do coma, acordado,

à vida; eu retornei...

Beijos do seu filho,

Bob.

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 12/05/2012
Código do texto: T3663954
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