Após 11 anos ...

Após 11 anos resolvo ti escrever.

Por quê? porque hoje tive tempo para pensar em tudo o que vivemos de forma tão intensa e finalizada com tanta tristeza. Saí da tua vida sem oportunidade de deixar claro que não foi a ti que deixei; e sim às circunstâncias que a tua família me submetia. À ti eu sempre respeitei e amei, e sei do amor que sempre tiveste por mim. Era grande e as vezes até desmedido. Cuidaste de mim como um tesouro e isto nunca vou esquecer, assim como não esquecerei dos carinhos, das surpresas, dos bilhetes, das marcações nos médicos, das alegorias que fazíamos no pouco tempo que tínhamos. Vivíamos em uma cidade louca, mas mais louca era a nossa relação, que se confundia com um namoro adolescente, uma vez que nos aguardávamos nos finais da tarde como dois amantes distantes. E isto acontecia diariamente, sempre de forma quente.

Nos conhecemos inesperadamente em uma viagem. Foi o meu dedinho mindinho que te encantou depois de quase quebrá-lo na escada da piscina do hotel? Nunca me falaste sobre isto. Pois o meu encanto por ti surgiu com o carinho que trataste da minha "enfermidade" de primeiro dia, que não impediu que curtíssemos o resto da viagem de uma forma muito normal, embora eu com o pé enfaixado por ti todos os dias.

Quando desembarcaste na cidade onde viríamos residir 1 ano depois e dissestes para a minha amiga que comigo te casarias muito em breve, eu saí rindo da tua pretensão. O riso passou a pânico quando apareceste 15 dias depois na minha cidade, em pleno inverno, vestindo somente uma camisa de manga longa. Quanta saudade já sentíamos um do outro naquele dia. E assim fomos emoldurando o nosso quadro de amor. Tínhamos pressa, já não éramos mais crianças e queríamos ser felizes juntos. E fomos! E como fomos! O que aconteceu à nossa volta não pode impedir que tenhamos lembranças maravilhosas de uma história de amor que só não deu certo para o resto das nossas vidas, porque não foste criado para teres uma "fêmea" ao teu lado. A tua dependência psicológica da família acabou fazendo com que eu me afastasse do homem que eu amava e admirava. Foste fraco demais nesse sentido e nunca acreditaste que eu te deixaria, porque não mais suportava aquela situação que sempre desastrava o que contruíamos na nossa vida.

Mas passado é passado e quero que saibas que, mesmo depois de 11 anos, ainda penso em ti com um carinho imenso. Ainda ti vejo como o homem que mais me amou, que mais quis "construir" comigo, que mais planos fez para que ficássemos velhinhos, um cuidando do outro, em um lar cheio de harmonia.

Amei outros homens depois de ti, mas nenhum deles esquentava o queijinho prá mim no café da manhã, borrifava talco na nossa cama prá ficar cheirosa e, muito menos, secava as minhas costas com carinho após o banho e finalizava o ritual "todos os dias", virando-me prá junto de si, beijando longamente a minha testa. Confesso: eu me sentia uma "criança aninhada" e era maravilhoso.

Hoje somente lembranças ... lembranças que ficarão para sempre.

Rosalva
Enviado por Rosalva em 20/05/2012
Código do texto: T3678703