Carta de amor para um alguém que não existe

De quanto em quanto tempo realmente somos senhores de nosso querer? De quanto em quanto tempo sabemos realmente o que queremos?

Comigo, todavia, nunca fora diferente, sempre fiquei indeciso em diversas etapas de minha vida, indecisão essa que talvez tenha me custado escolhas erradas.

Entretanto, de algum tempo para cá, tempo esse que seria incapaz de mensurar, comecei a dominar essa indecisão que é tão inerente no ser humano, fui capaz de olhar nas entrelinhas mais obscuras, respostas claras como o céu límpido de um dia de primavera. Daí me deparei conflitante com uma situação na qual me julgava senhor da verdade e que me pegou desprevenido, fiquei sem reação alguma.

Perdido por algum tempo e decidido em resolver esse conflito pessoal. Ponderei todas as variáveis possíveis que consegui criar, situações hipotéticas que variaram do total afastamento até um suposto namoro.

Enfim, após examinar tudo o que tinha nas mãos, finalmente concluí que seria plausível arriscar, afinal, são anos envolvidos e um carinho indiscutivelmente enorme de minha parte e de total ciência por você.

Mas como sempre, cometi o maior erro nessa história, erro que não poderia ter cometido, mas afinal, nunca fui bom em calcular certos aspectos e talvez, por pleno orgulho, deixei esse ponto passar despercebido. Não calculei o interesse que pode você poderia ter por mim e nesse erro tão infantil que as amarras do querer se fixaram. Foi ai que me vi desejando-a mais e mais.

E agora, me vejo tentando desesperadamente fugir desse meu algoz, no qual eu mesmo me submeti. Talvez nessa singela carta eu consiga transparecer minha incapacidade de resolver certos problemas como esse, talvez consiga um dia decifrar esse enigma que é minha mente que se aprisiona completamente sob os efeitos de seus lindos olhos nos meus.

Gostaria de estar escrevendo coisas alegres, mas há tempos que não escrevo cartas e juntamente com a minha única capacidade de deixar tudo triste com minhas palavras me faz terminar por aqui essa história. Ainda perdido, indeciso, lançado aos leões da dúvida. Um dia, quem sabe, estarei novamente nessas linhas escrevendo sobre as desventuras de um amor que ainda não fora correspondido, mas com um tom mais alegre.

Quem sabe, um dia, eu seja capaz de acreditar nisso novamente, de acreditar em mim mesmo. Quem sabe...

Eduardo Benetti
Enviado por Eduardo Benetti em 14/06/2012
Código do texto: T3724247
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