Carta 13 - Te amar é um fato.




Catava cacos do chão vermelho, tingido por sangue carmesim.

Não contive as lágrimas, ao perceber que depois de anos, ainda feriam mais meus sentimentos aquele lixo , que não eram perdas, e sim decisões minhas.

Loucura a minha, mas deitei em trapos, abracei os restos de vida ainda gritantes e reais.

Separei tudo para reciclar o que poderia ser minha salvação.

Na lata do perdão caiu um caco quase imperceptível, e não acreditei que meu coração poderia ter perdoado tanto a este ponto.

Permaneci boca aberta comigo mesmo, e não achei o que fazer com os outros cacos afiados de injuria e asco.

Não sei se me jogo por inteira, no que ainda pode ser reciclado com o tempo.

Sei não, ando desconfiada do meu coração.

Vou disfarçar com flores vermelhas todo este sentimento; a partir de hoje carregarei sempre rosas rubras e descansarei as margaridas junto ao lago de lágrimas.

Na ponta do pé andarei, quando não estiver flutuando sobre sua cabeça e te deixando febril de saudades.

Hoje prefiro a sombra intensa das madrugadas para viver, e não convém à inocência me seguir, sou mais o acaso do que o caso bobo de uma noite tempestuoso em seus braços.

Minha mente pensa rápido, enquanto meu coração rasteja com o fardo pesado da emoção que cai em contradição com a realidade vivida.

Num instante ele sorri ao lembrar-se do primeiro amor, de como eram lindos os olhos vivos naquele rosto juvenil, emoldurado por anéis castanhos do cabelo assanhado.

E pode ser que ainda não caiu a ficha se pensa nos cabelos grisalhos desta paixão tão nova e assim tão velha conhecida dele.

Eu sou! Simplesmente sou tudo que quero, e não nego que te amo.




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