Resposta ao Sérgio Guerra

Resposta ao Sérgio Guerra
Impossível não responder ao editorial de Sérgio Guerra no site do PSDB.
Responderia também à reportagem da Veja, sobre o prêmio ao FHC, mas como aquilo não é uma revista, apenas um panfleto tucano, não vou perder meu tempo.
Melhor falar com o dono dos porcos.


Presidente Sérgio Guerra - A maioridade do Real

No próximo dia 1º de julho, os brasileiros têm muito a comemorar, especialmente as gerações mais velhas, que certamente ainda trazem vivas na memória as lembranças de um período da história do país que nós convivíamos com a hiperinflação, quando o desequilíbrio dos preços consumia em poucos dias a renda dos assalariados.
Os mais jovens foram poupados dessa dura experiência que atingia de forma ainda mais implacável as camadas menos favorecidas da sociedade. Isso só foi possível a partir da implantação do Plano Real, há 18 anos, pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.
O bem sucedido plano de estabilização da economia brasileira mudou a realidade do Brasil ao conseguir debelar a inflação crônica que atingia o país, devolvendo aos brasileiros a possibilidade de voltar a fazer planos para o futuro.

Até aqui tudo verdade, o plano real, com a urv's e depois com a nova moeda foi realmente um marco no controle da inflação.

Com a inflação sob controle, as empresas nacionais passaram a ter um domínio maior sobre seus orçamentos, permitindo organizar seus investimentos futuros e, assim, gerar mais empregos. O Real assegurou ainda uma mudança imediata no planejamento e controle das finanças públicas.
A implantação do Real garantiu, pelos cálculos do Ipea, a saída quase que imediata de pelo menos 13 milhões de brasileiros da linha da mais absoluta pobreza. Esse dado nos permite concluir que este foi o maior plano de distribuição de renda já implementado no país até hoje.
Dois anos depois, o IBGE registrou que o número de brasileiros na classe B havia subido de 17% para 22% e da classe C de 32% para 39%, enquanto as classes D e E encolheram significativamente. Além disso, o crédito ao consumidor subiu mais de 300% nesse período.
A estabilidade mudou, inclusive, o perfil dos consumidores no país. Nos primeiros cinco anos de Real, o brasileiro passou a consumir, na média anual, 8,3% a mais de frango, 10,4% a mais de leite e 1,5% a mais de carne bovina. No quesito de bens duráveis, o número de domicílios com máquinas de lavar passou de 26,7% em 1995 para 32,8% em 1999.

A encrenca começa justamente aqui: Ainda que estas pesquisas estejam corretas, o tal plano real, maquiado a duras penas até a reeleição de FHC , mantendo o dólar a um real, começou a fazer água logo que FHC foi empossado pela segunda vez. ( depois de um golpismo “democrático” que passou a permitir reeleições de cargos majoritários e que na época foi uma escandalosa compra de votos no congresso)
Como diz o Sérgio Guerra, os mais jovens foram poupados desse período e os mais antigos já apagaram de sua memória o que ocorreu a partir de janeiro de 2000.
Com a impossibilidade de manter a maquiagem da moeda nacional, o dólar disparou assustadoramente chegando rapidamente a casa dos três reais. Eu, que retornava do exterior onde residi por um ano, deparei-me com um quadro assustador com meu dinheiro se desvalorizando a cada dia.
O senhor Sérgio Guerra também esqueceu-se de mencionar que as “ necessárias” privatizações lançaram no olho da rua milhões de brasileiros e levaram à quebradeira vários prestadores de serviços.

Parar a história no meio do caminho é uma tática recorrentemente utilizada para tentar dar uma áurea de capacidade administrativa ao FHC, que mais tempo passava fora do país, recebendo títulos “honoris causa” de várias universidades do que preocupando-se com os problemas da nação.
A propaganda feita por José Serra, autoproclamado sucessor de FHC , sobre o seguro desemprego entra nesta história apenas como efeito do entreguismo das empresas estatais a preço de banana.
O seguro desemprego foi criado no governo Sarney, e contemplava , com uma parcela apenas, o desempregado,.Com o aumento do número de desempregados e a recessão causada por conta das privatizações, Serra criou a sua cortina de fumaça, aumentando o recebimento para três parcelas.
Outro Grande Momento do governo FHC nunca é lembrado, a mudança nas regras da aposentadoria e a obrigação do “pagamento de pedágio” ( e de pedágio o PSDB entende muito), obrigando trabalhadores que já tivessem 35 anos de trabalho a continuar a trabalhar até atingir a idade mínima de 60 ou 65 anos.
O que eu queria mesmo saber é onde foram parar os milhões da privatização...até hoje ninguém sabe e ninguém viu!
O mesmo se deu com a tal CPMF.


Ao longo dos últimos nove anos, o PT tentou se apoderar de várias destas conquistas garantidas pelo Plano Real e pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, que acabou sendo eleito presidente da República após a estabilização da economia brasileira. Mas nada que tire o brilho da nossa conquista, que até hoje rende bons frutos para os brasileiros.

Aqui uma coisa ainda mais interessante: O senhor presidente do PSDB parte, como sempre para o ataque contra o PT, embora o discurso tucano sempre diga que são eles os atacados.
FHC foi eleito pelo trote da aparente estabilização econômica, foi reeleito com o mesmo discurso, mas seu partido foi derrotado nas eleições seguintes por viver de pires na mão pedindo empréstimos ao FMI.
A memória de Sérgio Guerra, seletiva como sempre, esqueceu esse “pequeno” detalhe.
Assim como esqueceu que seu próprio partido condenou ao ostracismo o FHC, até que a memória do povo fosse se enfraquecendo. Um tiro no próprio pé.
Agora querem resgatar a memória das coisas boas de FHC, aquele mesmo que quando presidente, declarou que o povo deveria esquecer tudo o que havia escrito enquanto sociólogo e intelectual.
Acusam o PT de querer varrer a história de FHC, mas foram eles mesmos que iniciaram a campanha ao condená-lo ao exílio dentro do próprio partido que ajudou a construir.
FHC não foi nem o melhor e nem o pior presidente deste país, teve seus méritos, mas ao deixar o partido cair nas mãos de monstros que ajudou a criar, tornou-se vítima de suas próprias criaturas.
Agora esse mesmo partido, em busca de empatia popular, procura trazer de volta a figura de FHC ao cenário nacional, num exercício de puro Vudu político, na esperança de ter um zumbi político que atenda aos comandos do e desejos de poder do novo cacique e manda chuva que não logrou sucesso ao desvincular sua imagem de FHC.
José Serra, manipula as cordas das marionetes do partido e atropela qualquer aliado que lhe pudesse fazer frente.
Se FHC sumiu foi por conta do desejo eterno de Serra em aparecer.
O PSDB sem Serra e seu escudeiro Alkminn, seria um partido muito mais confiável.
Mas a política se faz nos bastidores e Serra é mestre na manipulação dos podres de seus “aliados”

Salvador, 28 de junho de 2012