Carta de Superstição

Sempre que uma data dessas se aproxima eu fico muito preocupado. Pra mim nunca foi fácil ter que encarar uma sexta-feira 13. Desde novo tenho problemas com essa data do calendário. Sei que ela é uma data carregada, cheia de significados ruins.

Tem muita gente que nem dá atenção pra minha preocupação com essa data, mas essas pessoas na verdade não sabem o que eu já passei. Ouço sempre que isso é crendice, que é só superstição, que essa é uma data qualquer, uma data como as demais. Mas isso não é verdade, isso nunca vai ser verdade !!!

As pessoas ficam querendo me dizer para ficar calmo, esquecer o passado, deixar de lado os traumas, mas eu não consigo.

Desde criança sou azarado. Desde cedo eu sofro com a falta de sorte. Pra onde vou sempre tem um agouro me perseguindo. É só eu vacilar, me distrair um pouco e o azar me pega em cheio.

Não posso passar embaixo duma escada, não posso cruzar com um gato preto, nem um monte de outras coisas. Eu vivo me rodeando de amuletos, santos e simpatias para afastar o mal do meu caminho.

Sei que o mundo espiritual age o tempo interferindo nesse mundo material, e eu sou uma pessoa mais sensível, mais vulnerável a atuação das energias negativas que formam o cosmos.

Eu já passei tantas coisas ruins, tantos acidentes e tragédias, especialmente nessa data de sexta-feira 13. Essa é o pior de todos os dias do ano, o mais agourento que existe.

Desde o primórdio da humanidade essa data foi marcada por tragédias e catástrofes. Durante séculos essa data foi cercada de negrura e incertezas. É uma data ruim e triste pra mim. Essa data parece uma caixa de pandora, um buraco negro cheio de amargura e pavor. Se eu fosse me lembrar de tudo de ruim que já me aconteceu nessa data eu poderia escrever um livro de drama.

Toda semana contemplada por essa data torna-se um tormento pra minha vida, uma semana tenebrosa, por que eu só tenho paz quando a semana passa.

Tem gente que acha isso tudo bobeira, mas só eu sei o que já passei por causa desse meu azar; só eu sei onde é que o sapato aperta. Eu sou azarado demais e não posso dar oportunidade pra ele me pegar !!!

Portel - PA, 09 de julho de 2012.

Carlos Alberto

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Ilha de Marajó – PA, Julho de 2012.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 13/07/2012
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