Carta ao Amor que não vingou.
Caro Amor sem prognóstico...
Não pude lhe abrigar em meu ventre, e tua bondade é tanta que mesmo sem ter vingado não reivindica vingança.
Tudo fizemos para que você crescesse, vicejasse, feito plantinha ou feto.
Tão rápido a tua filha mais nova, a Paixão, tomou conta de mim que não tive tempo para mais nada e quando ela foi embora levou consigo a semente, a raiz, as folhas, os projetos todos sonhados.
Sobrou mágoa, susto, vontade de acabar o inacabável, como reticências querendo virar ponto final.
Não vingou. Mas existiu. E nesse breve instante na linha do tempo pudemos experimentar algo de doce, algo de sopro do mar, algo de esperança que se desesperançou.
Espero senti-lo de novo, muito breve. Venha sim, visitar esse coração que não vive sem ti.
Saudades.