CARTA

Perdoa... perdoa... Sei que precisas de mim, mas não consigo falar... Perdoa... perdoa... por favor. Os tempos estão todos difíceis, como os teus tempos também, eu o sei. Ouvi teu apelo, mas estou me recuperando... também de ontem... dia de muita Luz por causa das manifestações dos amigos do Recanto e também por ter estado presente ao lançamento-homenagem do livro POESIA REUNIDA, pela Editora Pantemporâneo, lançamento na Casa das Rosas; livro de minha amiga caríssima Eunice Arruda, ESSA GRANDE POETA, uma das maiores da chamada Geração 60 de poetas brasileiros, lançados todos pelo magnífico editor Massao Ohno, já ido para Outro Plano (daqueles editores que quase não existem mais), POESIA REUNIDA de 50 anos de uma Poesia Ímpar como poucas.

Eu dizia... me recuperando... Recuperar-me de um dia de Luz? Sim, porque para minhas parcas forças foi muito difícil chegar até lá, agora sou senhora de bengala de um lado, e pelo braço de amiga(o) do outro lado, e subir qualquer degrau tornou-se uma tortura em carne-viva. Não é à toa que estou tomando remédio antidepressivo e para dormir, que preciso ter vontade de cuidar de mim, de me tratar... senão, o que será de minha mãe... há várias outras pessoas que precisam de mim, também... Ah, afinal de contas, eu também ainda preciso de mim...

Por favor, perdoa,perdoa, pela minha ausência... pelo silêncio... Sei e compreendo o teu momento, estes tempos de ti. Eu os conheço, eu os sei. Só me permite terminar isto que escrevo dizendo que, se houvera sido a dor nas pernas e nos pés a única sombra ontem, tudo ainda estaria muito bem. Houve outra e essa... dessa não há como falar...

Apesar dessas duas dores, a da alma infinitamente mais cruel do que a do corpo, foram uma tarde e uma noite de muita Luz, da Luz toda a que fez e faz jus minha bem-amada amiga e Ímpar poeta Eunice Arruda.

Perdoa... perdoa... espera que eu possa transformar em palavras e em presença a lealdade de sempre que me liga a ti.

Saibas, espero que nunca te esqueças de que, apesar das aparências em contrário, a nossa cumplicidade e o nosso afeto, a estes jamais traí, jamais trairei.

Perdoa... todas as noites estás também em minhas orações e durante o dia também em meus pensamentos, por tua saúde e por tua paz. Ah, agora urge silêncio... Perdoa... Perdoa...

Beijos

Zuleika/Zu.

P.S. Gente, isto é apenas uma carta, fictícia na parte que fala da sombra e da dor, sobre a LUZ é real. NÃO SE PREOCUPEM, POR FAVOR. Perdoem se os preocupei.