Mais uma carta de desilusão

E foi-se tudo mais uma vez, mais uma vez não passou de uma ilusão, uma falsa ilusão de uma mentira que nunca existiu e todo mundo sabia, mas ninguém queria enxergar. Mais uma vez abre-se esse peito ferido, que está espremendo todas as suas entranhas para derramar até a última dolorosa gota de sangue para ver se consegue sanar todas as suas idiotices, toda a sua estupidez. Por que quem sabe, quando este acabar de sangrar, acabará parando de bater e não correrá mais o risco de apanhar novamente. Foi-se tudo mais uma vez, e tudo passou pelos olhos como um filme cliché, a culpa é sempre do mordomo e todo mundo sabe, mas fica pra assistir, pra ver se por essa vez será diferente, só para se perder na mesma frustração. Abriu-se novamente, Desenterrou-se, Foi ressuscitada, essa sombria e fúnebre sensação de morte em vida que desponta cada pedaço de meu ser nesse momento, essa sensação negra de ser apenas um estepe, uma passagem, um trampolim, aonde todos vem usam, e depois vão embora, deixando os estragos causados aos cuidados do tempo. Acabou tudo de novo, não é claro? Será preciso arrancar olhos para enxergar tudo desas vez, sabia que não ia ser diferente e foi tudo igual, sabia que podia ser diferente, mas fez tudo igual. Então não adianta, não é culpa de ninguém, ninguém muda o mundo, apenas a si. E não adianta querer confrontar o mundo se não houver nenhuma munição. Acabou tudo de novo, foi-se tudo outra vez, e poderia ter sido evitado, poderia ter sido diferente, você sabia tudo o que precisava fazer, apenas não fez.