MÃE

Mãe escrevo esta carta para matar a minha saudade de você, e ao mesmo tempo agradecer-lhe pelo ser humano que você ajudou a moldar. Onde quer que esteja sei que está olhando por mim. Mãe você foi a melhor mãe do mundo, sempre altruísta e abnegada em prol de seus filhos.

Mãe hoje quero fazer lhe uma homenagem, pela Mulher que foi, guerreira, amiga, médica, professora, enfermeira, psicologa, sempre disposta a nos proteger. Uma Leoa, que cuida da sua cria e a defende com sua própria vida se for necessário.

Mãe lembro do meu nascimento, quando cheguei aqui chorando por deixar meus Pais Celestes, e minha maior preocupação era quem iria tomar conta de mim. Quando me informaram que eu teria um Anjo para me proteger, e quase chegando neste mundo, perguntei as pressas: _ Qual o nome deste Anjo? E me responderam que este Anjo se chamava Mãe.

Sei que desde o momento da fecundação até o dia da sua morte, você cuidou de mim. Sei que na gestação alterei sua química e muitas vezes você passou mal, porque eu ainda um embrião dentro de você consumia seus nutrientes, causando anemia, mas você não se importava com isto e ia ao médico para se fortalecer e me nutrir.

Após nove meses de uma sofrida gestação, náuseas, vômitos, tonteiras, desmaios, falta de ar, pressão sobre seus órgãos, urina solta e noites sem dormir, eis que chegou a hora de eu nascer.

Pronto era chegada a hora de nascer, cheguei em um ambiente frio, com muita iluminação e vários vozerios, que lugar era aquele, por que me tiraram do meu conforto? Cheguei chorando - saudade de quem deixei lá? Insegurança? Medo? Talvez. Onde está o meu Anjo? Por que ainda não veio me receber?

Quando vejo um homem de branco me entregar a você dizendo:

_ Parabéns Mãe ganhou uma linda menina! -

Eu pesando 1.300 Kg, que preocupação foi para você, se pudesse trocaria de lugar comigo, para não me ver sofrer.

Aquele foi nosso primeiro contato fora do seu útero. Pude ver seu lindo sorriso de satisfação, e mesmo fraca você me envolveu em seus braços e senti o mesmo conforto do útero. Naquele momento eu não tive dúvida que você era o meu Anjo e que em seus braços nada temeria. Sabia que criaríamos um grande laço afetivo.

Mãe quando eu não sabia comer você me alimentou com o seu colostro, contido no leite materno necessário a vida, dando me anti-corpos, nunca se importou se alteraria a sua estética ou não, naquele momento você só estava preocupada com o meu bem estar, em me alimentar e passar anti corpos para me proteger das bactérias e vírus. Era a primeira vacina natural.

Você me levou ao Posto de saúde, fez o teste do pezinho e meu cartão de vacinação, e naquela primeira visita fui vacinada com a BCG - contra a tuberculose.

O tempo foi passando eu fui crescendo e você estava sempre presente em minha vida. Você sempre foi meu maior exemplo, me ensinou a sorrir, através do seu lindo sorriso, me ensinou a engatinhar, as primeiras palminhas, os primeiros passinhos e você era a minha sombra para me amparar, estava sempre lá registrando tudo. Nas minhas cólicas, eu não deixava você dormir e você me curava com o seu amor e dedicação.

Você nunca me mandou fazer caridade, mas eu aprendi através do seu exemplo, quantas vezes vi você colocar mantimentos em uma bolsa e entregar a alguém menos favorecido. Tinha um grande coração e sentia compaixão dos outros.

Além de criar seus filhos biológicos, ainda ajudou a criar outras crianças que não eram suas, mostrando o grande coração que batia em seu peito.

Fiz meu primeiro aninho de vida, você fez uma festa inesquecível e registrou tudo em filme e fotos. Você registrou todas as minhas festas de aniversário, e hoje posso reviver as emoções com saudades.

Aos sete anos você me matriculou na escola, você me levou pela mão até a escola e lembro deste dia como se fosse hoje, você me entregou a uma moça no portão da Escola, mas o que era aquilo? Por que você estava me deixando ali, com lágrimas nos olhos? Foi nossa primeira separação em sete anos, e eu chorei, chorei de insegurança, medo, timidez. E você ainda enxugando as lágrimas partiu, e eu não sabia se você voltaria.

Mãe lembro daquele dia em que tive uma febre alta, e você me levou ao Médico, ele passou um antibiótico de seis em seis horas por sete dias. Você não dormia direito com receio de perder a hora do meu remédio.

Apesar do baixo peso no meu nascimento, cresci forte com os seus cuidados.

Lembra do meu nervosismo na minha Formatura da 4ª série, você estava lá fotografando os meus momentos. Na minha Formatura do Ensino fundamental, Médio você registro tudo em álbum fotográfico.

Mãe lembra das minhas Formaturas de Faculdade? Você contratou um Fotógrafo e mandou filmar também. Ainda posso ver o orgulho que você sentiu de mim.

Em meu casamento você me ajudou a se vestir, me ajeitando aqui e ali, como quando eu era sua menininha. Apesar de ter crescido nunca dispensei seus cuidados e carinhos. Você achava que eu era ainda uma menina e eu gostava de me sentir assim, protegida pelo meu Anjo Mãe.

Mãe tive meu primeiro filho e ao sair da Maternidade você me levou para sua casa e cuidou de mim e do seu neto. Cercando-nos com todo o seu amor e carinho.

Veio meu segundo filho, e não foi diferente você nos cercou de cuidados. Os primeiros banhos no seu neto, até cair o umbigo. Nunca deixava eu chegar perto do fogão, para não receber calor na cirurgia.

Mãe o tempo passou e apesar de ter a certeza que um dia nos separaríamos por um curto período de tempo, eu não gostava de pensar nesta hora, tão triste e difícil para mim.

Então depois de varias internações, você teve uma pneumonia, da qual não conseguiu se curar totalmente. Foram vários dias internada no CTI, quando você melhorou um pouco lhe transferiram para um quarto, então eu pude ir dormir com você no hospital. É Mãe as vezes os papeis se invertem, agora era eu que cuidava de você e não conseguia dormir direito, assim como um dia você fez por mim.

Sabe mãe porque você teve cuidados nos seus últimos dias de vida? Foi porque você plantou, então chegou a hora da colheita. Sabe mãe, aprendi com você a fazer com os outros aquilo que quero que façam a mim. É o eco da vida, o que vai volta.

Naquele dia dois de março de 2011, o dia amanheceu triste, nublado, pois o mundo tinha perdido uma Grande Mulher - você Mãe. Deus em sua infinita sapiência a levou para ele. Obrigada Mãe por ter sido o meu Anjo querido aqui na terra, Obrigada por tudo o que fez por mim, por moldar-me na pessoa que sou hoje, pois tudo que sou devo a Deus nosso Pai Celeste e a você meu lindo Anjo de Luz.

Em seu sepultamento só se ouvia falare dos grandes feitos que fizeste nesta terra, me enchendo de orgulho de ser sua filha, e mais uma vez aprendendo com o seu bom exemplo.

Ha uma frase que diz: Palavras o vento leva, mas o exemplo arrasta.

Obrigada Mãe, por ter permitido que eu fizesse parte da sua vida terrena. Nada que eu faça ou diga pode pagar por tudo o que você fez por mim. Tenho muito orgulho de você Mãe.

Mãe escrevi esta carta chorando e recordando todos nossos momentos juntas. Creio que aqui não é o fim e espero um dia poder novamente lhe reencontrar para vivermos juntas por toda a eternidade.

Um grande beijo e abraço da sua filha que jamais a esquecerá. Em vida muitas vezes lhe disse que a amava.

Mãe onde quer que esteja aceite a minha Carta de agradecimento, da sua filha que nunca a esquece. Beijossssssssssss

Rivanda De Siqueira
Enviado por Rivanda De Siqueira em 08/10/2012
Reeditado em 12/10/2012
Código do texto: T3922054
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