Confesso a TRAIÇÃO (Destinatária certa) *

Confesso a TRAIÇÃO (Destinatária certa)

Nem sei como devo me dirigir a quem muito amo, em momento no qual o remorso é o sentimento que predomina no meu interior. Sempre te disse que a traição é condenável, mas o imperdoável mesmo, o delito sem remissão consiste na deslealdade. Pois entre ontem e hoje - eis, na revelação, a prova do quanto sou leal - consumi maior tempo que a duração de um inteiro dia, entregue ao ato de consumação libidinosa com outra. Dispenso o uso do substantivo "prazer", porque não foi o que senti. Esclareço: atingi o orgasmo, sim. Mas a "qualidade", se posso expressar de modo que me faça compreender, esteve longe do satisfatório. Não por culpa da parceira, bela e carininhosa mas...não era a pessoa que eu amo: TU. Cumpri os ritos de praxe inclusos na pauta das conjunções carnais. Todavia, tinha eu uma sensação de vazio, como se me faltasse algo. ELA própria comentou por repetidas vezes que eu estava presente ali, apenas em corpo, mas meu "pensamento" voava longe. E é verdade. Eu me empenhava em impedir ou controlar a dispersão, mas de verdade é que só pensava em ti. Até desviava o rosto ou fechava os olhos quando era inevitável encará-la, porque QUEM ESTAVA COMIGO ERAS TU! TU, SOMENTE TU. Como sempre, é dispensável dizer.

Bem sabes, uma abstinência forçada por ti própria após um pequeno desentendimento não podia resultar em outro desfecho. Podes argumentar que foi breve o "jejum" ao qual tu me forçastes. Concordo, mas hás de convir que minha culpa na traição deve ser relativizada devido a um simples, único mas relevantíssimo detalhe: a libido exacerbada. Como ninguém, és sabedora, "vítima" e beneficiária maior. Nasci assim. Geneticamente predisposto. Defeito de fabricação, portanto. Por meios diversos, procurei administrar a questão de modo a me a me enquadrar no figurino socialmente bem desenhado e devidamente ajustado às tuas expectativas. És testemunha. Mas igualmente tens consciência de que sou movido por "forças" cujo controle escapa à minha vontade de um mero e pobre mortal. E que ficará mais pobre ainda e próximo de cumprir a inescapável sentença da mortalidade se não me socorreres com tua nunca desmedida compaixão

(acho até que COM PAIXÃO!) e me fechares, mais uma vez, desta em caráter irreversível, a porta de entrada olhando neste meu rosto que todos descrevem como de expressão angelical e ar piedoso.

Amadíssima e meio querida, não mancha tua imagem fazendo-te de intolerante e incompreensiva... vai!, me chama de CACHORRO, CAFAJESTE, daquele jeito raivoso que te deixa ainda mais sedutora, VAI! Mostra que como mulher és um ser superior, capaz de dar o perdão a este estraçalhado que não tem culpa de ser como é...VAI! MOSTRA TEU PODER, que como já fiz de outras vezes (veja como sou fiel aos meus modos!), prometo nunca mais te atormentar.

Beijos de quem sempre foi só TEU.

* Sujeito a revisão

Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 09/10/2012
Reeditado em 17/01/2013
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