Sei, bem sei, que minha ausência é imperdoável, injustificável.
Apenas posso explicar, quando muito uma tentativa de explicar, pois quanto a perdão, não se permite nem tentativas.
Interessante que hoje, neste dia que eu mesmo qualifiquei como mágico, maravilhoso, estou eu aqui preso nesta circunstância de tentar chegar a ti, tarefa praticamente impossível, pois nem mesmo sei se estás, quando, onde, como, com quem, se, de que maneira, de que modos... bem, tal dia, este dia, mágico, maravilhoso, estranhamente claro, frio, brilhante, sonoro, às vezes tal e qual um oásis em meio a uma árida jornada, mas neste mesmo dia , dia de semana, não de data, apenas o dia, mesmo numeral, foi um bom dia, triste mas bom, vejo-me a falar contigo, emociono-me puerilmente, veja lá, que coisa, que situação, tal qual criança com o seu mais desejado, puro sonho realizado, mas, por cria do destino uma mal colocada palavra trouxe tudo a perder, em um átimo, tal qual uma explosão de fúria, um raio, e o dia findou - constato agora que já não era mais o mágico dia, já havia passado e eu, embevecido no sonho contigo não o notei e por isso não tomei minhas devidas cautelas, pois já não era mais um dia mágico, já havia passado, no presente outro dia, da semana, de data, senti-me péssimo, perdido, o pior dos seres humanos, havia machucado irremediavelmente a quem eu tanto amo ( Tens dúvidas?  Eu não!!!  Pois acima de tudo (não que eu assim o quisesse...) AMO-TE!!! )  ,  já outro dia, madrugada, eu e tu, sozinhos, cada vez mais solitários e perdidos em nosso amor e em nossas dores...bem, lá se vão nove meses ( e nada geramos, parece, a partir daquela hora, de concreto, apenas, não se sabe, quem sabe apenas mais discórdias , tristezas e dores...desencontros...dissabores...mas deixemos isto para lá e falemos da ausência, afinal  era o objetivo inicial deste relato de mim para mim mesmo, somente, assim, pois não pretendo chegar a ninguém, nem mesmo a ti).
Esta ausência talvez seja a única maneira de nos protegermos a nós mesmos de nós mesmos...
Com esta ausência sempre ( pelo menos para mim )  fica a sensação de que um dia ( quem sabe, em um determinado dia de um tal mês e a cada ano, a cada ciclo... )  , quem sabe, um mágico dia ( seria este o de minha preferência ) nos veremos , tal qual naquele outro dia , tal como em uma explosão, sem nenhuma explicação, possamos nos ver novamente, nos olharmos novamente, olhos nos olhos, corações pulsantes, respirações rápidas  e entrecortadas, quem sabe até nos tocarmos ( isto já seria uma audácia sem precedentes , algo a ser digno de um castigo à altura, imenso, quem sabe, uma morte súbita, sem direito a nem mesmo se ter consciência do passamento ) .
Com esta ausência procuro ( assim penso ) evitar para ti o que,  parece, apenas o que tenho a possibilidade simples e sem esforço algum de te proporcionar : sofrimento! Contraditório , pois a própria ausência já não causaria este sofrimento?  Pode até ser, contudo o sofrimento de minha presença pode ser exponencialmente mais elevado que o sofrimento que venha a causar minha ausência, pois esta ausência procura evitar mais e mais erros, problemas, dúvidas, desencontros, espera inútil, desesperança, enfim dissabores e procura proporcionar que tu guardes de mim apenas uma lembrança, uma doce lembrança de algo que em um passado foi , em alguns ínfimos instantes, de um elevado valor e de uma elevada sensação de felicidade, que foi deliciosa e maravilhosa enquanto durou, tanto para ti como para mim.
Com esta ausência abre-se ( espero eu ) a possibilidade de que sempre nos restará a condição de tudo começar de novo,  estará sempre lá, latente, tal uma pequena brasa, algo que poderá novamente ter início e vir a crescer, e que o período de crescimento e amadurecimento seja um intervalo de tempo em que nós teremos a oportunidade de nos apreciarmos como seres humanos, com nossos defeitos e nossas qualidades, com respeito e compreensão de nossas diferenças, mas que possamos construir mais sobre o que nos faz iguais, o que nos identifica, o que nos aproxima, o que nos faz nos amarmos acima de tudo e que as coisas que odiamos em cada um de nós tenham apenas um pequeno minuto de apreciação e que possamos exclamar um paciência, deixa para lá, pois este é o homem que eu amo e esta é a mulher que eu amo , e com quem quero estar em todos os dias de minha vida, com quem quero viver cada minuto, com quem quero vir a morrer, pois este é o destino final, cedo ou tarde, para os bons, para os maus, para os nem tanto, para os racionais, para os irracionais, para os humanos e os não humanos.
Assim, por ora, melhor esta ausência, uma ausência que a qualquer momento, por milagre, por desígnios do destino, torne-se presença.
Antes este modo de ausência do que uma presença ausente...
Pois não importando mais nada, nada mais tendo qualquer valor, significância, por mais que em alguns momentos eu mesmo me encontre a duvidar de tudo isto, tu sempre serás a única mulher que eu amei, verdadeiramente, acredite eu mesmo ou não em tal assertiva, acredites tu ou não nestas minhas palavras, pois nada de real fiz para te demonstrar tal sentimento, a não ser impor sofrimento, pois não sou um gênio, não sou um herói, ( Nunca lutei por ti... Como haveria eu de lutar por ti se não havia a mínima condição de que eu viesse a ter êxito, como, se não havia nenhuma sinalização de que isto seria possível a mim, que todos os meus esforços encontrariam respaldo ao término de tudo?  Como lutar, se mesmo em sendo eu vencedor, nada haveria a celebrar? ),  não criei nada de extraordinário, não sou homem de ciências nem de letras, não ganhei nenhuma guerra nem salvei vidas, não sou artista, não escrevi nenhum belo livro, ou romance, ou poesia, ou música, ou letra, nada, minimamente nada, somente e apenas te amo ( cada dia mais do que no dia anterior ) , apenas, sem nem eu mesmo entender os meus motivos para te amar tanto...
Minha ausência é imperdoável, injustificável...
Tentei apenas explicar  mais para mim mesmo do que para ti.

Beijos minha querida


15 janeiro 2012
15 outubro 2012


Vauxhall
Enviado por Vauxhall em 14/10/2012
Reeditado em 04/03/2013
Código do texto: T3932532
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