Indomado Coração

Caminhando por essas ruas "solitárias" andei pensando em uma forma de te esquecer. Carros iam e vinham. Pessoas desconhecidas cruzavam meu caminho sem nem sequer imaginar tudo o que acontecia aqui dentro. O quanto a alma estava dilacerada. O quanto o coração ardia por dentro. As músicas tocavam, sem eu conseguir prestar atenção em uma que fosse. O pensamento estava longe. Talvez perto de você. Desejando que numa daquelas esquinas nossos corpos se trombassem e assim você pudesse enxergar a falta que ainda hoje me faz. Ou que de repente você sentisse, um instante que fosse, metade desse amor que aos poucos me consome. Mas que não me derruba. Fiquei nessa por um bom tempo. Até que tudo aquilo explodiu num choro incontido. Que eu já não podia mais evitar. Parei, sentei, coloquei a cabeça entre os braços; e assim fiquei. As lágrimas escorrendo. O coração ainda mais apertado. Aquela saudade insistindo em doer. Mas que NÃO te traziam de volta. Foi aí que, num ato de coragem levantei, dei uma boa sacudida de ombros, e pensei: "quer saber? Que tudo vá para o espaço. Acabou Thiago! Chega! Chorar, de nada vai adiantar. Não vai trazer ninguém de volta. Ele nem pensa em você seu otário. E você aqui, se acabando por alguém que não está nem aí pra você ou para os seus sentimentos. Que certamente nunca esteve". Briguei duramente comigo. Admiti pra mim mesmo todas as verdades das quais eu já não podia fugir. Amava, e amo. É fato. Mas não podia mais parar minha vida como estou fazendo. Não podia mais viver em função de algo que ainda acabaria comigo. Mesmo que momentaneamente extraí, não sei de onde, toda a força e coragem necessárias para encarar a realidade. Amando, não nego. Mas aprendendo a conviver com esse sentimento. Já que o orgulho não deixa que a coragem de procurá-lo fale mais alto, o jeito é seguir em frente. Claro que poderão vir mais palavras referentes a esse amor. Mas agora estou mais certo de tudo isso que existe. De tudo o que não existe. De tudo o que eu quero. De tudo o que não querem de mim. Cheguei à conclusão então de que está na hora de dar paz e sossego a esse coração. Sem esperar que alguém chegue. Sem desejar que alguém fique. Mas desejando somente a mim. Que eu fique bem. Sou um cara tão novo para ter assuntos mal resolvidos. Ainda mais relacionado ao coração. Hora de buscar novas metas, traçar novos objetivos. E ser feliz. À minha maneira. Sabendo de minhas limitações e sabendo de todas as minhas possibilidades. Chegou a hora de VIVER. O que ninguém, no mundo, poderá fazer por mim.

Afinal, sou humano. Sou falho. Cometi e continuo cometendo erros. Ninguém muda isso. Passei muito tempo "mergulhado", de cabeça, num amor sem sentido. Agora, até mesmo para mim. Acreditei, cegamente, que para mim esse amor fazia algum sentido. Não faz! De que adianta amar e ver quem se ama se afastar ainda mais? Não adianta de nada, certo? Muitos me disseram para esquecer, para pensar mais em mim. Outros, para deixar de procurar tanto pelo amor. Deixar de fazer dele minha prioridade. E admito, estava tão cego que não valorizava nenhuma dessas palavras. Outras pessoas, no entanto, já me disseram pra dar tempo ao tempo, que o que é meu ninguém me tira, ninguém evita. Que na hora certa chega alguém que realmente me mereça. Mas aí que está a questão. Já apareceram várias pessoas que se importaram comigo. Que mereceram meu sentimento. Esse que devoto à pessoa errada. E eu não vi. Deixei escapar. E é esse meu maior medo. Chegar quem me mereça. E eu não merecer. Não poder ver. Continuar despencando desse penhasco sem fim. Que me deixa nesse mais completo abismo. Ajuda? Creio agora que só eu posso me ajudar. Apenas eu posso me querer. E não posso agradecer pelo que eu não puder retribuir à altura. Posso aguardar, claro, que na hora certa tudo se encaixe, tudo se ajeite. Mas não posso mais forçar a barra. O jeito mesmo é esperar. Mas arrumando uma maneira que seja, uma só, de alterar essa realidade.

TJ Torres
Enviado por TJ Torres em 17/10/2012
Reeditado em 18/12/2012
Código do texto: T3938284
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