Queria que meu pai soubesse disso...

Incrível como meu pai deseja que eu me sinta culpada por não conseguir ser espontânea com ele. Simplesmente porque ao telefone respondo, sim, não, tá, uhum. Ele me diz que gostaria de ser tratado como meus amigos. Mas, ele não mora comigo, praticamente nunca morou, ele não sabe que meu celular passa o dia no silencioso e no meu quarto, enquanto passo o dia na sala. Ele quer que eu tenha um assunto a dizer para ele no telefone, sendo que eu sei que dependendo do assunto que falar, apenas receberei criticas. Jamais um elogio ou realmente um papel de pai de sentar, explicar e conversar assuntos tolos.

Ele me cobra de ser uma filha melhor, mais quem disse que ele é um pai perfeito?

Nos vemos apenas uma vez por semana, ás vezes menos, e as poucas vezes que sinto vontade de conversar ou contar algo, ele nunca ficou feliz, apenas criticar as minhas vontades e escolhas é o que ele faz.

Não me intrometo na vida dele, nas decisões e na família dele. Porque simplesmente ele não faz o mesmo e consegue ficar feliz quando acerto em algo.

Eu sentia prazer de contar qualquer coisa a minha mãe, até mesmo aquelas coisas que nem fossem minhas. Ela ria comigo, dava conselhos, ouvia e se preciso dizia não vá, não faça, ou apenas, tome cuidado ou me ligue. Como era simples e mágico todas aquelas palavras. Aquela voz ao telefone. Aqueles bilhetes pelas manhãs ou madrugadas. Como tudo aquilo era importante aos meus dias e ao sentido da minha vida.

Ela não se importava se eu passava um pouco mais de tempo com pessoas que eram meus amigos, não se importava de pausar um filme para eu atender uma ligação e não se importava de sentar ao meu lado e vermos juntas coisas na internet.

Já meu pai se importa apenas de eu ligar o Notebook, se meu telefone toca, se digo que não estou em casa ou se compro alguma coisa cara com meu próprio dinheiro.

Porque pais e mães são assim tão diferentes? E porque nos é tirado aquele que mais parece nos amar e aceitar?

Acho que passarei a vida me perguntando isso, mais o que me conforta é que quando eu for embora também deste mundo, a primeira pessoa que verei será ela. E ai, vai parecer que toda a minha vida valeu a pena.

Não vou mudar para agradá-lo e não vou pedir de novo para ele me tratar como um pai normal. Desse vez não vou implorar para que ele me entenda. Chega!

Bárbara Carolina
Enviado por Bárbara Carolina em 07/01/2013
Reeditado em 07/01/2013
Código do texto: T4072574
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