A dor que ninguém vê

Às vezes nos preocupamos tanto em evitar o mal alheio, em evitar que nos matem aos poucos, que lentamente quem nos mata, nos destroça, nos intimida e acaba com nossos anseios somos nós mesmos. Quando quem acreditamos que nos faria algum mal, não está nem aí para nossa existência; quem dirá para o estado que nos tenha causado. E nem percebe que, no fundo, a única coisa que queríamos era sermos notado. Mesmo que por um instante. Instante que poderia mudar uma história. Prolongar uma vida. Em determinadas situações, mesmo quem já morreu está mais vivo do que quem efetivamente não sabe mais como viver. E faz de seu "escudo", ou "fortaleza", a sua própria destruição. Quando até mesmo a vida, já não lhe importa mais. No momento em que o medo de errar é mais forte que a coragem de lutar, a vontade de vencer. E viver. Aí, infelizmente, talvez nada mais possa ser feito.