Ao Dormir (texto com música)

do livro CARTAS A UM FILHO

Poeta Devany

Nunca o peso das pálpebras te feche os olhos sem que antes hajas perguntado a ti mesmo:

- Que fiz eu? Que deixei de fazer neste dia?

Se praticastes o mal, recua; perservera se praticastes o bem.

Pitágoras

Querido,

Espero que tenhas recebido minha carta anterior, na qual procuro falar sobre a importância de se iniciar mais um dia.

Hoje, tento nestas poucas linhas, passar para ti a importância de se encerrar um dia e no ato de se preparar para dormir.

Tão importante quanto a alimentação para o corpo, é a alimentação para o espírito.

Já tive a oportunidade de ouvir esta recomendação por diversas vezes, ao longo da caminhada. Uma prece sempre é bem-vinda, mas penso que sua eficácia está diretamente ligada à pureza dos pensamentos.

Quando se fala em prece noturna, imediatamente lembra-se do “deitar e dormir”. Envolvidos pelas tribulações da vida, durante anos, seguimos esta rotina: deitar e dormir, fazendo uma rápida oração, recheada algumas vezes, de pedidos e lamúrias ao Criador, esquecendo das preciosas reflexões.

Vem o Silêncio, o bendito Silêncio, aconselhando a mudar a rotina:

O ato de preparar-se para adormecer, deve nos remeter ao “refletir sobre nosso dia”. Ao adormecer, logo após deitar-se, salvo raras exceções, perde-se a oportunidade da auto-análise e a oportunidade de examinar o dia que está se encerrando.

Devemos reunir nossos companheiros, que sabemos estão conosco, e juntos, repassarmos o que conseguimos fazer de bom e o que não fizemos.

Ao iniciar a chamada oral desses companheiros, da mesma maneira que é feita ao sair de casa, sou interrompido muitas vezes pela Coragem, a Determinação, o Otimismo, a Fé e os demais companheiros, que se adiantam e começam a apontar onde não correspondi ou quantas vezes que durante aquele dia, dei ouvidos, justamente àqueles que não queria como companhia.

Silenciosamente rememoro os momentos em que, deixei o Senso Crítico agir desenfreadamente.

Desta vez, ao invés de lembrar do “vigiai”, lembro-me que estou sendo vigiado...

Saudades.

(do livro Cartas a um filho - Devany A. Silva)