Interrogações

Percebo que você, invariavelmente, me ouve e me olha com desdém, como se eu fora um ser tão diferente, daquele com o qual sonhara! Pergunto sem argúcias, sem astúcias e sem minúcias, as razões de assim ser – seria eu o x de uma incógnita, para cujo valor você nunca encontrou a solução? Seria, talvez, o número exponencial de uma operação sem limite, ou cujo limite seria o infinito? O que para você seria insuportável? Teria eu qualquer semelhança com o número pi, cuja importância transformava em inferno a vida dos maus estudantes, assim como, dos bons estudantes e, inclusive dos melhores matemáticos como Ludolph Van Celen, que teve esculpido em sua campa o número pi com 35 casas decimais? Faria eu parte de um cálculo diferencial, cuja taxa de variação de grandeza, lhe tivesse deixado de agradar? Ou quem sabe, nunca lhe tivesse agradado, por erro de concepção da constante arbitrária de integração, que você passou a representar por outra letra que não a C, como seria de esperar? Talvez você visse em mim, o que em matemática se conhece por supremo essencial, tendo falhado na teoria da medida, considerando válidas algumas propriedades que não o são em todos os lugares? Todavia, se eu continuasse esta exposição, entraria pela teoria das definições, incluindo a teoria do Q, o que transformaria este questionamento em interrogações ad infinitum. Portanto, dou-me por satisfeito em imaginar, que você simplesmente ouve e olha com desdém, por eu ser diferente do qual você sonhara. Grato e um abraço.