Carta ao Júlio Emílio Braz

Escrever para mim tem sido uma terapia e a palavra homenagem sempre me desperta curiosidade :então,como desafio a mim mesma, resolvi escrever algo sobre alguém a quem devoto grande admiração.

Coincidência ou não ou como canta Tete Spindola "estava escrito nas estrelas" recebo uma agenda sua no mesmo período em que busco em vários canais de informação algo sobre você,para que amigos possam entender e valorizar o grande escritor e agente de transformação que é.

Minha intenção era escrever sobre "causos" ou sobre os meus grandes micos, enquanto trabalhei na área da educação,a fim de dar um toque humorístico em meus escritos.

Lembrei-me dos meus sonhos e da satisfação em tê-los realizados:Feira de Livros na Praça em Paranaguá, com exposição de livros , trabalhos literários e artísticos de alunos da rede estadual e os Seminários de Literatura em que tive a oportunidade de conhecer vários autores de livros realizados através de parcerias com as editoras . Havia lido diversos livros seus e solicitei à editora para que os alunos e professores tivessem a oportunidade de estar em contato com um autor preocupado com problemas sociais e que falasse a linguagem dos jovens.

Você surpreendeu não só a mim mas a todos os participantes e alunos das escolas que visitou,pela sua simplicidade e carisma.Talvez você não possa avaliar a sua importância como agente de transformação:em um país onde a criminalidade, a violência,o tráfico de drogas prolifera e onde a educação é tratada como investimento à curto prazo(medidas paliativas e muitas vezes políticas);é gratificante encontrar pessoas com o seu quilate e disposição em dialogar e principalmente em ouvir jovens.

E recordando os meus micos:para agradar aos que participavam dos eventos minha maior preocupação era oferecer almoços com pratos da região,o preferido geralmente era peixe e camarão.Para não fugir da regra,e para agilizar o serviço do restaurante antecipei os pedidos: Linguado à Ilha do Mel( com frutos do mar) e Camarões à Taiti( vinha em abacaxis). Somente no dia seguinte fui saber através do Luiz Carlos, que você era alérgico e não comia camarões...

Para quem me conhece e sabe da minha maneira de ser e trabalhar deve imaginar a frustração e a vergonha que passei durante o evento; aliás lição da qual nunca esquecerei..(risos)apesar de que hoje em dia com o sistema de buffet é mais fácil...

Mas o que mais me encantou em você...o espírito despojado e tipicamente carioca de ser, escondido em uma postura crítica e silenciosa... como todo bom escritor...

Nesse meu caminhar aprendi que faz-se necessário agradecer e reconhecer o valor de cada pessoa,principalmente àquelas que contribuíram para nosso crescimento espiritual e pessoal...então só me restar dizer:Obrigada por ser o que é e pelo que faz!.....