Falando de Amor

Eu gostaria muito de não falar tanto de amor; ou até, continuar falando, desde que não me remeta a você. Não me remeta ao nós que um dia fomos. Queria poder me lembrar de um sorriso que não fosse o seu; de um abraço que não fosse o seu. Sentir o gosto de um beijo que também não fosse o seu. Queria poder não ter de procurar - tanto - em outros amores, o amor que você simbolizou pra mim. Queria não ter de procurar em outras pessoas tudo aquilo que você não soube me dar, causando esse enorme vazio que ainda sinto. Um vazio que não sei se um dia será preenchido; ou, mais precisamente, como será preenchido. Mas tenho de tentar. Tenho que continuar. Afinal o tempo não parou. Certa ou errada a minha vida continuou; sem você! Só o sentimento manteve-se o mesmo. Hoje, minha vida se divide entre o antes, o durante e o depois de você. O antes e o depois muito parecidos; apesar de toda a experiência adquirida ao viver a nossa história. O durante é que ainda me machuca ao ser lembrado. Já que, exatamente quando ainda estava com você, vivi o misto de sonho e pesadelo, de amor e dor, de magia e normalidade. Em algumas horas desejei muito que o durante nunca tivesse existido. Mas se não existisse, como teria aprendido tanto? Como descobriria como é amar incondicionalmente alguém? Como saberia como é ser amado por alguém? Porque, apesar de tudo e de todos, sei que você me amou. E como me amou! Impossível esquecer o tanto que fizemos um ao outro, mesmo em meio a tantas brigas, tantos desentendimentos, tantos dissabores. O que me resta, agora, é aprender a conviver com essa tão ruim sensação; a de não te ter ao meu lado. Mesmo sabendo que já faz tanto tempo, não há como esquecer. Por mais que tenha sido uma história relativamente breve, sei que poucos conheceram tal intensidade. Talvez você ainda pense em mim, mesmo não sendo como eu gostaria. Talvez você já tenha me esquecido. Talvez você já tenha encontrado em outro alguém tudo aquilo que não pude te oferecer. Não por não querer. E sim por não poder. Em razão do tempo, das circunstâncias e, mesmo de algumas pessoas, não terem "permitido". Mas algo é fato: pensar em amor, querer falar de amor, querer escrever sobre o amor, sempre me fará lembrar-me de você, pensar em nós dois. E, talvez, essa seja a cruz que, em vida, carregarei até meu último suspiro. Aquele que, quando chegar, espero; não seja tarde demais para se querer voltar atrás.