Marcas do que se foi

Caríssimo amigo:

Quantas vezes nos encontramos sob determinados parâmetros de vida e nos encaixamos ou não neles para sermos ou não felizes... Quantas vezes, nos solilóquios diários (uma loucura?) vemo-nos com os lábios em movimento, a pronunciar em sussurros quase que inaudíveis palavras de carinho, ou imprecações, ou ainda retificações de determinadas situações às quais nos foram impostas, à prova, e não pudemos explicar?...

É de certas situações, determinadas relações e ações que muitos de nós nos omitimos, talvez, sob o pretexto de nossas responsabilidades, de nossas vidas, escolhas...

Pouco pude, ou na verdade expus, durante o tempo em que nos relacionamos intimamente através das palavras. Pouco consegui deixar fluir, dadas as minhas artimanhas inconscientes mediante irrefutável problemática: reconhecimento das emoções, dos sentimentos mais intensos, inconcebíveis, insanos. Na escolha da introspecção, mal disfarçada em palavras, o melhor caminho para a “fuga de nós mesmos”, sem que isso viesse à tona da maneira como comumente emerge... Não. Não consigo conceber, ainda, uma discrição menor que a total. Ainda que tardia... talvez, um dia...

Se não o disse antes, confesso agora: sou sim, uma pedra (preciosa em caráter) lapidada por teus ensinamentos, tuas palavras sábias, ambíguas às vezes, mas muito, muito doces e gentis. Vi em você um porto muito mais que generoso para com as naus navegantes; um poeta, muito mais que talentoso na sensível visão que transcende o universo humano; um homem, muito mais que de caráter; um ser, muito mais que especial. Você foi (e é) para mim uma das poucas pessoas que mais abrilhantou meus dias (e não conheço poucas, entretanto...) Um mais que amigo que um alguém poderia ter, apesar de todos os pesares (e parênteses)... Como foi bom e proveitoso encontrar você por essas caminhanças a me orientar (e também desorientar um pouco) e oferecer tanto, tantas vezes! Com você, meus dias se tornaram mais que diferenciados – foram especiais. E eu te agradeço demais por isso. Assim como agradeço a Deus a oportunidade de tê-lo tido em minha vida, mesmo da forma que pude tê-lo. "Devolvo-o ao seu destino", dando-lhe as mãos - em pensamentos - da maneira mais carinhosa possível, da forma mais sincera que alguém possa oferecer um entrelaçar de dedos, e, por fim, sentindo-o para sempre como uma verve a impulsionar - uma preciosa artéria em meu coração.

Com todo o meu carinho,

CV.

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 01/05/2013
Reeditado em 01/05/2013
Código do texto: T4269152
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