Ponto de vista

O mundo parece-me tão maior olhando daqui de cima, ou será que fui eu que diminuí e nem percebi esse pequeno equívoco.

Senti-me pequena diante de tamanha imensidão e de tamanha ignorância, quis sempre quis e de repente percebi que querer não é suficiente, e que apenas sentir o gosto não significa gostar.

No momento nem definir o que estou sentindo acho que tristeza é tão pouco expansível que não é essa a palavra correta.

Sinto dentro de mim, uma voz dizendo, na verdade gritando algo que ainda não consegui entender... Sinto que não sou mais eu, entrei em outro mundo que não me pertence em nada e nem eu e nem minha alma pertence a ele.

Vejo o jogo de bem me quer e mal me quer sendo jogado todos os dias e nunca sei, a maioria das vezes nem quero saber, quem ganhou ou quem perdeu.

Queria apenas me conformar com o lugar que me é destinado, me conformar com a escolha que foi feita em meu lugar e sem meu consentimento, e as que ainda estão sendo feitas e que nem sei.

Invade-me uma agonia na alma, ouve meu coração acelerar e ao mesmo tempo apertar de forma tão forte que não consigo reagir.

Engraçado, não tenho nem vontade de chorar, nem de lutar e nem de reagir...

Chorar não vai resolver nenhum dos problemas a enfrentar, lutar com o que, contra quem, talvez sejam muitos, talvez nenhum, talvez seja eu e apenas eu, reagir... Pra quê se amanhã acontecerá de novo, mais uma vez entrarei em agonia e desespero interior.

A impressão eu tenho é que muitos saíram na hora certa e eu me atrasei e por isso pago um preço bem alto, bem caro e nada seguro.

Gostaria de não sofrer por antecipação, mas é difícil quando se está vendo o que vai acontecer no passo seguinte, quando se vê que não há saída, antes da sua definição, outros tomarão providências e decidirão em seu lugar.

Não quero, nunca quis o mal de alguém não começarei a escurecer meu coração hoje, mas sinto o negro tomar conta dele e sem reação alguma e pela primeira vez eu me entrego.

Desejo para os outros, o que desejarem pra mim e em dobro. Prometo que farei tudo, não discutirei mais, nem lutarei contra nada, apenas um robô que obedece e aceita a tarefa exigida.

Orgulho nenhum, porém prazer também não. Vejo como a vida fere a alma das pessoas e vejo também que já estou nesse jogo há muito tempo, só não entendi isso antes.

Só queria um lugar ao sol e pelo visto nem saí da caverna ainda, quanto tempo será que se leva para encontrar a primeira fresta de luz???

Nathalya Etchebehere
Enviado por Nathalya Etchebehere em 20/06/2013
Código do texto: T4350406
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